Médicos catarinenses paralisam as atividades
nesta quarta-feira (31) em apoio à movimentação
nacional. (Foto: Cadu Rolim / Fotoarena/Estadão Conteúdo)
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Após o Governo Federal anunciar o
programa mais médico, começamos a ver vários profissionais da saúde se insurgir
contra o programa que visa contratar profissionais estrangeiros para sanar o
déficit de médicos nos hospitais públicos do nosso país (mesmo entendendo ser paliativo).
Na última semana vários
profissionais em mais de 10 cidades brasileiras fizeram greves e saíram às ruas
contra as decisões do governo Federal. No entanto, nos indagamos por que só hoje
eles alardeiam que o grave problema da saúde não é a falta de profissionais,
mas de estrutura? Por que até hoje nunca saíram às ruas ou fizeram greve para
reivindicar melhores condições de trabalho? A reclamação sobre o projeto do
governo de exigir que os profissionais fiquem mais dois anos atendendo no SUS antes
de se formar, é por ter estendido o tempo para obter formação ou por esperar
mais dois anos para abrirem os seus consultórios ou trabalhar na rede
particular o que lhes garantem maior salário?
Quando os profissionais saem às
ruas mostram o total desrespeito com a população e a falta de preocupação com
os pacientes que tiveram as suas consultas e atendimentos suspensos, consultas
essas que levam até 3 meses da marcação à consulta. Quando vemos centenas de
médicos nas ruas chegamos a nos perguntar se de fato faltam profissionais na
rede pública? Essa dúvida só aumenta quando assistimos a denúncia feita pelo
Jornal do SBT na última terça-feira (30) de pelo menos três médicos que atendem
na maternidade pública Leonor Mendes de Barros, na zona leste de São Paulo, flagrados
batendo o ponto e saindo do hospital 5 minutos depois. Esses profissionais são exceção
ou regra? Quero crer na primeira. Felizmente
esses maus profissionais já foram suspensos e para o bem da classe espero que
sejam expulsos. E que a reportagem/denúncia sirva para se abrir investigação em
outros hospitais e cidades. A atitude desses médicos só justifica o que muitos
alegam, que os profissionais da saúde são contra o programa do governo por
temerem ter mais concorrência o que reduziria o salário e oportunidade de
emprego(S) dos bens pagos.
Me preocupa quando o governo desiste
de incluir os dois anos a mais na graduação médica (o que de fato achava um
absurdo), por parecer se vergar à pressão dos profissionais que continuarão a
pressionar o governo com greves resultando em prejuízo para a população que
ficará mais tempo com as consultas suspensas.
Mesmo que a Federação Nacional
dos Médicos (Fenam), que representa 53 sindicatos, oriente para que casos de
urgência e emergência sejam atendidos, o problema causado pela greve não é amenizado,
pois quem procura os médicos é porque está doente, mesmo que não seja uma
situação de emergência.
EMERSON MARINHO