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04 abril 2018

POR FAVOR, PRENDAM O LULA!


* Emerson Marinho

Hoje será dada a cartada final ao julgamento do ex-presidente Lula, mas ainda estará longe o final dessa história trágica, obscura e repleta de interesses escusos, de ambos os lados. A prisão é inevitável. E será bom que ocorra o quanto antes, assim, antes teremos os olhos abertos para ver, não a constatação de que um inocente foi injustamente condenado, longe do Lula ser inocente, mas veremos em pouco tempo como as grandes oligarquias políticas e midiáticas manipulam o povo, em sua maioria, de que fazem um bem ao Brasil e estão limpando o país da corrupção. Ledo engano, Lula é o boi de piranha, Lula é o gladiador jogado na arena aos leões em mais uma das antiquíssimas políticas do Pão e Circo da nova, velha sociedade romana-brasileira.

Em poucos meses estaremos mergulhados na disputa política apoiando ou torcendo por aqueles que acreditamos irá mudar a história política do nosso país. Após as eleições, mais uma vez nos cairá a fixa de que tudo continuará do mesmo jeito. As máscaras de alguns personagens poderão até mudar, mas todas irão cair e revelarão o mesmo enredo repetitivo, como as tradicionais histórias novelescas que insistem em trazer de volta as mesmas tramas, mas transvestidas de originalidade.

Em pouquíssimo tempo, constataremos que fomos ludibriados mais uma vez pelas raposas de mente perversa do nosso país que chegarão ou voltarão ao poder para se locupletar com o dinheiro público na certeza da impunidade. Os nossos três poderes estão carcomidos pela parcialidade e escusos interesses pessoais. Aqueles que se intitulam o Quarto Poder é quem distribui as cartas marcadas, porquanto também devem satisfação, não ao povo, detentora das concessões cedidas a essas mídias, mas ao capital financeiro, muitas vezes, internacional, que bancam esse grande criadouro de mentes alienadas, e ditam os rumos da política econômica e política dessa grande lorota chamada Brasil.

A Lava Jato tida como um marco no processo de purificação da pútrida política partidária do país, servirá apenas para escancarar os bastidores dessa abjeta política brasileira em seus três poderes, aliadas às outras oligarquias, que enriquecem os mais ricos e empobrecem ainda mais os já mal ditosos miseráveis.

Lula é condenado de forma justíssima pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Parafraseando o ex-presidente, “nunca na história desse país” se viu falar de tanto dinheiro desviado, de tanta corrupção. Isso não quer dizer que nunca existiu, mas jamais foi permitido investigar os crimes de colarinho branco, ou existiu o interesse das grandes mídias em divulgar com seriedade e imparcialidade os crimes cometidos pelos agentes públicos, pois sempre comungaram dos mesmos interesses.

Em 2010, Lula foi condecorado pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o título de “Campeão Mundial na Luta Contra a Fome”. Talvez isso explique porque os números ao ex-presidente são favoráveis nos estados que sofrem pela falta de investimento público, em educação, saúde, segurança, saneamento básico, etc., etc., etc.; nas regiões com os piores índices de IDH, em que concentram os maiores bolsões de miseráveis. Foi no governo Lula que tiveram, ainda que sendo programas sociais de cunho assistencialistas, um período em que um governo voltou seus olhos para atender a demanda desses pobres. Houve uma redução inquestionável da desigualdade social em todo o país. É fato que isso incomodou, deveras, quem sempre se orgulhou de se considerar superior aos demais, àqueles que se viam mais iguais do que os outros.

Quem observa de fora de toda essa celeuma de discursos jurídicos por quem conhece e quem acha conhecer as leis, nossa carta magna brasileira e seus códigos, sabe bem que nada irá mudar, a corrupção será apenas legitimada por grupos sociais que se dizem defensores da moralidade da política brasileira. Se calarão ao se verem envergonhados por perceber que foram manipulados e coniventes com as quadrilhas do dinheiro público que se perpetuam no poder.

Mas, por favor, prendam o Lula. Não que isso vá acabar com a corrupção ou vá intimidar aos novos e velhos larápios do dinheiro público. Mas pelo menos, teremos uma mudança de assuntos das pautas dos nossos telejornais. Quanto antes tivermos um desfecho dessa história digna de um folhetim novelesco, tão cedo teremos toda essa história passada a limpo. A triste constatação é que tudo continuará como dantes, já que a esperança se encontra na UTI aguardando o seu último sopro de vida.

* Bacharel em Comunicação Social