* Emerson Marinho
Hoje será dada a cartada final ao julgamento do
ex-presidente Lula, mas ainda estará longe o final dessa história trágica,
obscura e repleta de interesses escusos, de ambos os lados. A prisão é
inevitável. E será bom que ocorra o quanto antes, assim, antes teremos os olhos
abertos para ver, não a constatação de que um inocente foi injustamente
condenado, longe do Lula ser inocente, mas veremos em pouco tempo como as grandes
oligarquias políticas e midiáticas manipulam o povo, em sua maioria, de que
fazem um bem ao Brasil e estão limpando o país da corrupção. Ledo engano, Lula
é o boi de piranha, Lula é o gladiador jogado na arena aos leões em mais uma
das antiquíssimas políticas do Pão e Circo da nova, velha sociedade
romana-brasileira.
Em poucos meses estaremos mergulhados na disputa política
apoiando ou torcendo por aqueles que acreditamos irá mudar a história política
do nosso país. Após as eleições, mais uma vez nos cairá a fixa de que tudo
continuará do mesmo jeito. As máscaras de alguns personagens poderão até mudar,
mas todas irão cair e revelarão o mesmo enredo repetitivo, como as tradicionais
histórias novelescas que insistem em trazer de volta as mesmas tramas, mas
transvestidas de originalidade.
Em pouquíssimo tempo, constataremos que fomos ludibriados
mais uma vez pelas raposas de mente perversa do nosso país que chegarão ou
voltarão ao poder para se locupletar com o dinheiro público na certeza da
impunidade. Os nossos três poderes estão carcomidos pela parcialidade e escusos
interesses pessoais. Aqueles que se intitulam o Quarto Poder é quem distribui
as cartas marcadas, porquanto também devem satisfação, não ao povo, detentora
das concessões cedidas a essas mídias, mas ao capital financeiro, muitas vezes,
internacional, que bancam esse grande criadouro de mentes alienadas, e ditam os
rumos da política econômica e política dessa grande lorota chamada Brasil.
A Lava Jato tida como um marco no processo de purificação
da pútrida política partidária do país, servirá apenas para escancarar os
bastidores dessa abjeta política brasileira em seus três poderes, aliadas às
outras oligarquias, que enriquecem os mais ricos e empobrecem ainda mais os já
mal ditosos miseráveis.
Lula é condenado de forma justíssima pelos crimes de
corrupção e lavagem de dinheiro. Parafraseando o ex-presidente, “nunca na
história desse país” se viu falar de tanto dinheiro desviado, de tanta
corrupção. Isso não quer dizer que nunca existiu, mas jamais foi permitido
investigar os crimes de colarinho branco, ou existiu o interesse das grandes
mídias em divulgar com seriedade e imparcialidade os crimes cometidos pelos
agentes públicos, pois sempre comungaram dos mesmos interesses.
Em 2010, Lula foi condecorado pela Organização das Nações
Unidas (ONU) com o título de “Campeão Mundial na Luta Contra a Fome”. Talvez
isso explique porque os números ao ex-presidente são favoráveis nos estados que
sofrem pela falta de investimento público, em educação, saúde, segurança,
saneamento básico, etc., etc., etc.; nas regiões com os piores índices de IDH,
em que concentram os maiores bolsões de miseráveis. Foi no governo Lula que
tiveram, ainda que sendo programas sociais de cunho assistencialistas, um
período em que um governo voltou seus olhos para atender a demanda desses
pobres. Houve uma redução inquestionável da desigualdade social em todo o país.
É fato que isso incomodou, deveras, quem sempre se orgulhou de se considerar
superior aos demais, àqueles que se viam mais iguais do que os outros.
Quem observa de fora de toda essa celeuma de discursos
jurídicos por quem conhece e quem acha conhecer as leis, nossa carta magna
brasileira e seus códigos, sabe bem que nada irá mudar, a corrupção será apenas
legitimada por grupos sociais que se dizem defensores da moralidade da política
brasileira. Se calarão ao se verem envergonhados por perceber que foram
manipulados e coniventes com as quadrilhas do dinheiro público que se perpetuam
no poder.
Mas, por favor, prendam o Lula. Não que isso vá acabar com
a corrupção ou vá intimidar aos novos e velhos larápios do dinheiro público. Mas
pelo menos, teremos uma mudança de assuntos das pautas dos nossos telejornais. Quanto
antes tivermos um desfecho dessa história digna de um folhetim novelesco, tão
cedo teremos toda essa história passada a limpo. A triste constatação é que tudo
continuará como dantes, já que a esperança se encontra na UTI aguardando o seu
último sopro de vida.
* Bacharel em Comunicação Social