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08 outubro 2023

EX-PRESIDENTE DESTACA QUE HAMAS PARABENIZOU LULA APÓS ELEIÇÕES NO BRASIL

Emerson Marinho*

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em meio à escalada de violência entre Israel e Palestina, que já deixou mais de 300 mortos desde o último sábado (7). Em um evento em Belo Horizonte, Bolsonaro leu uma nota oficial de repúdio aos ataques do grupo insurgente Hamas contra Israel e destacou que o grupo terrorista parabenizou Lula pela vitória eleitoral em 2022.

O ex-presidente ignorou, porém, que Lula também foi parabenizado por mais de uma centena de líderes mundiais, incluindo o presidente de Israel, Isaac Herzog. Além disso, Bolsonaro omitiu que Lula condenou os ataques do Hamas como "atentados terroristas" e defendeu a solução de dois Estados para o conflito israelo-palestino.

Lula tem uma posição histórica de apoio à criação de um Estado Palestino economicamente viável, convivendo pacificamente com Israel dentro de fronteiras seguras para ambos os lados. Essa posição é compartilhada pela maioria dos países membros da ONU e pela própria Autoridade Palestina, que não reconhece o Hamas como seu representante legítimo.

A crítica de Bolsonaro a Lula tenta confundir o apoio ao Estado Palestino com o apoio ao terrorismo, ignorando as diferenças entre os grupos palestinos e as violações cometidas por Israel contra os direitos humanos dos palestinos. Nos últimos meses, Israel invadiu mais de 15 cidades palestinas na Cisjordânia, matou cerca de 10 mil palestinos e demoliu mais de 500 casas e edifícios. No sábado, Israel bombardeou e destruiu um prédio na Faixa de Gaza que abrigava escritórios de veículos de comunicação internacionais, como a Al Jazeera e a Associated Press.

Lula é a favor do Estado Palestino porque acredita que essa é a única forma de garantir a paz e a justiça na região, respeitando o direito à autodeterminação dos povos. Lula também reconhece o direito de Israel à existência e à segurança, mas não aceita que isso seja usado como pretexto para a opressão e a ocupação dos territórios palestinos. O presidente petista defende o diálogo e a negociação como os únicos caminhos para a solução do conflito.

Infelizmente, com este ataque, hoje os terroristas neonazistas de Israel têm o pretexto perfeito para continuar o genocídio com amplo apoio internacional. A comunidade internacional deve agir urgentemente para deter a agressão israelense e proteger os civis palestinos. O Brasil deve usar sua influência diplomática para contribuir para esse esforço, retomando sua tradição de defesa dos princípios da paz, do direito internacional e dos direitos humanos.

* Bacharel em Comunicação Social

A CHACINA DO RIO E AS REPERCUSSÕES DOS MILITANTES DA DIREITA

Emerson Marinho*

Na madrugada do último dia 5, um crime brutal chocou o país. Três médicos foram assassinados a tiros em um quiosque na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, e um quarto ficou ferido. Entre as vítimas fatais, estava Diego Ralf Bomfim, de 35 anos, irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e cunhado do também deputado Glauber Braga (PSOL-RJ). Os médicos estavam na cidade para participar de um congresso internacional de ortopedia.

Infelizmente, esse não foi um caso isolado de violência no Rio de Janeiro. A cidade vive uma situação de guerra, com altos índices de homicídios, latrocínios, roubos e confrontos armados entre traficantes, milicianos e policiais. Segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), somente em agosto deste ano, foram registrados 271 homicídios dolosos, 16 latrocínios, 6.688 roubos e 1.057 apreensões de armas de fogo. Ainda assim, houve queda dos indicadores de crimes em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Alguns desses crimes tiveram grande repercussão nacional e internacional, como o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018. O caso envolve suspeitas de participação ou influência de milicianos.

Diante da chacina do irmão da Sâmia Bomfim, era de se esperar que houvesse uma manifestação unânime de solidariedade à deputada e aos familiares das vítimas, independentemente das diferenças políticas ou ideológicas. No entanto, o que se viu foi uma onda de ódio e desrespeito por parte de alguns setores da direita, que aproveitaram a tragédia para atacar a parlamentar e o seu partido.

Alguns youtubers e influenciadores digitais fizeram comentários infelizes nas redes sociais, ironizando a morte do médico ou insinuando que ele teria envolvimento com o crime organizado. Um perfil na internet escreveu: “Fiquei feliz por um momento. Achei que era a Sâmia”. Esse e outros comentários mostram como o desprezo pela vida dos adversários políticos é um sintoma da doença que acometeu os bolsonaristas. Eles perderam a capacidade de se sensibilizar com o sofrimento alheio e de reconhecer a dignidade humana dos que pensam diferente. Eles se tornaram cúmplices da violência e da barbárie que assolam o país.

A chacina do irmão da Sâmia Bomfim é mais um episódio lamentável da história de sangue do Rio de Janeiro. É preciso que as autoridades competentes investiguem o caso com rigor e celeridade, para identificar e punir os responsáveis pelo crime. Não podemos deixar que esse caso se repita ou caia no esquecimento, como aconteceu com o caso da Marielle Franco, que está há mais de três anos sem uma solução definitiva.

Também é preciso que a sociedade civil se mobilize em defesa da vida e da democracia. Não podemos aceitar que a violência seja banalizada ou instrumentalizada para fins políticos. Não podemos nos calar diante dos ataques aos direitos humanos e às liberdades civis. Não podemos nos deixar levar pelo ódio e pela intolerância.

* Bacharel em Comunicação Social