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21 outubro 2018

BRASIL CORRE RISCO DE NOVO GOLPE MILITAR


* Emerson Marinho

Em 2017 o governo do Temer entrou numa grave crise deixando-o à beira de um colapso. Na época o General Mourão, atual vice-presidente pela chapa do candidato Bolsonaro, chegou a afirmar que entre os deveres do Exército Brasileiro está a garantia do funcionamento das instituições, da lei e da ordem, e que se o judiciário não fosse capaz de sanar a política existente no país isso seria imposto pelo exército por meio de uma intervenção militar.  

Recentemente o candidato, Jair Bolsonaro, afirmou de forma categórica, que não “aceita outro resultado, senão a sua vitória”, sendo entendida como uma ameaça à democracia. Dias antes já havia sugerido que “as urnas eletrônicas brasileiras estão sujeitas a fraude e que podem prejudicar a sua campanha”, essa declaração sugere que qualquer atitude drástica tomada por ele e sua equipe seria justificada, se a sua vitória nas urnas não fosse confirmada.

Nos últimos dias a imprensa tem realizado uma série de denúncias de que Bolsonaro teria se beneficiado por práticas de coação eleitoral. De acordo com reportagem da Folha de S. Paulo, empresas privadas fizeram contratos no valor de R$ 12 milhões com agências para impulsionar mensagens a favor de Jair Bolsonaro.
Segundo juristas, há dois tipos de ação que se encaixam nos fatos: ação de investigação judicial eleitoral e ação de impugnação de mandato eletivo, sendo esse só aplicado depois da diplomação.  

Ainda que o Bolsonaro tenha se apressado em dizer que se houve qualquer irregularidade, não aconteceu com o seu conhecimento. De acordo com a lei eleitoral, não é preciso que a candidatura tenha participado ou tenha ciência do fato, basta apenas que ela seja beneficiária. A possibilidade da cassação da chapa, portanto, é possível.

Mesmo que a chapa do Bolsonaro se sagre vencedora no pleito, isso não impede que ela possa ser cassada. Sendo assim, como já anunciado tanto pelo Bolsonaro, como pelo seu vice, o não resultado favorável à chapa levará a medidas extremas. O risco de um golpe Militar não está, nesse caso, descartado no país.

* Bacharel em Comunicação Social pela Universidade Federal do Maranhão

20 outubro 2018

GENERAL MOURÃO PODE SER NOVO PRESIDENTE DO BRASIL


* Emerson Marinho

Uma das verdades da vida é que tudo é cíclico. O que vai, um dia volta. E em se tratando de política, em nosso país, isso é a mais pura verdade. Lembramos que o nosso país já foi governado por militares, por duas vezes, e nas duas por meio de golpe de Estado: em 1889 quando o Marechal Deodoro da Fonseca tomou o poder e proclamou a República; e em 1964 quando João Goulart, democraticamente eleito, foi deposto do cargo e se instalou a Ditadura, que estabeleceu a censura à imprensa, restrição aos direitos políticos e perseguição policial aos opositores do regime por 21 anos.

Outro momento cíclico se deu já no período pós-redemocratização. Nesse período o Brasil já foi governado por três vice-presidentes: José Sarney que governou de 1985 a 1989, após assumir o cargo em decorrência da morte de Tancredo Neves; Itamar Franco que assumiu o cargo em 1992 após o impedimento de Fernando Henrique Cardoso; e o caso mais recente é do Temer que, para muitos, conspirou para assumir o cargo, em 2016, após o Impeachment da Dilma Rousseff.

O Brasil está as portas de novamente ser governado por um vice-presidente não eleito pelo povo, e o pior, militar.

A tentativa de assassinato ao candidato Bolsonaro tem trazido consequências graves à vida do candidato. Desde o incidente, o capitão da reserva, tem mostrado saúde frágil, o que o impede de ir aos debates. Ao que parece, os médicos estão cautelosos evitando revelar que o caso do candidato pode ser grave, o que pode impedi-lo, também de assumir o cargo de presidente, como aconteceu com Tancredo Neves.

Bolsonaro pode ganhar, mas não levar. Na vacância do cargo, quem assume é o seu vice, General Mourão, de ideias muito mais radicais que a do candidato. Mourão já mostrou intenção de convocar uma nova constituinte, composta apenas por “notáveis” e não por eleitos democraticamente, como aconteceu durante os dois regimes militares. Também criticou o décimo terceiro salário e o adicional de férias, chamando-os de “jabuticaba”. O próprio Jair Bolsonaro afirmou que Mourão é “despreparado” para o cargo quando em resposta à afirmação disparou em sua página no twitter: “O 13° salário do trabalhador está previsto no art. 7° da Constituição em capítulo das cláusulas pétreas (não passível de ser suprimido sequer por proposta de emenda à Constituição). Criticá-lo, além de uma ofensa à quem trabalha, confessa desconhecer a Constituição”, afirma, Bolsonaro.

Bolsonaro já foi alvo de denúncias de racismo ao citar, dentre outros casos, em evento no Rio de Janeiro, que “quilombolas não servem nem para procriar”: "Eu fui num quilombo. O afrodescendente mais leve, lá, pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador ele serve mais. Mais de R$ 1 bilhão por ano é gastado com eles", o candidato disse ainda que irá acabar com todas as comunidades quilombolas e reservas indígenas existentes no País. Em matéria de polêmica, o seu vice não fica para trás, também causou controvérsia quando afirmou em entrevista, no Aeroporto de Brasília, que seu neto é um "cara bonito" por conta do "branqueamento da raça". Em outro momento já havia afirmado que o Brasil tinha a "indolência" dos indígenas e a "malandragem" dos negros

A ideia de “clareamento da raça” já foi defendida pelo governo do estadista Getúlio Vargas, durante a Ditadura Militar. Outro estadistas internacional que levou às últimas consequências a ideia de “clareamento das raças” e não menos conhecido, foi o nazista Adolf Hitler. O ditador, foi comparado ao vice do Bolsonaro, por Boulos, recém candidato à presidência pelo PSOL, em sua conta no twitter: “Vice de Bolsonaro falou hoje que seu neto é um "cara bonito" porque teve "branqueamento" da raça. Há menos de 100 anos, Hitler também quis melhorar "raças inferiores". Esterilizou 400 mil deficientes e matou 6 milhões de pessoas em campos de concentração”.


É enorme a possibilidade do General Mourão assumir o poder, tanto pela via direta, como vice do Bolsonaro, assumindo a presidência pela vacância do cargo, pois o ferimento parece que vai tirar o  militar de combate; como por meio de um golpe de Estado, já que muitas de suas ideias são discordantes da do titular, o que poderia levá-lo a dar um golpe e assumir o poder, ideia já sugerida por ele durante palestra em 2017, durante a crise que se abateu sobre o governo Temer, ao afirmou que “se o judiciário não fosse capaz de sanar a política existente no país isso seria imposto pelo exército por meio de uma intervenção militar.


* Bacharel em Comunicação pela Universidade Federal do Maranhão

06 outubro 2018

BOLSONARO, O NOVO MESSIAS?

* Emerson Marinho

Jair MESSIAS Bolsonaro, o candidato apoiado pela elite e por grande parte das igrejas e por eles visto como o novo MESSIAS, o “defensor da família”, dos “valores cristãos” e pelo discurso de “combate à corrupção tem hoje uma inevitável comparação com o MESSIAS que surgiu há mais de 2000 anos, que pregava a justiça e o amor acima de qualquer outro sentimento.

Adorado e venerado pelos cristãos em suas mais distintas denominações, Jesus Cristo ainda é uma unanimidade, não só por ser considerado o Filho de Deus, mas por suas ideias revolucionárias que iam contra as leis do Estado tradicionalista que nada tinha de laico, pois era influenciado diretamente pela religião. Podemos destacar um dos momentos mais sublimes dos “seus ensinamentos” quando uma mulher que havia cometido adultério, um dos maiores crimes da época, pelo menos pelas mulheres, foi trazida diante do MESSIAS para ser julgada. A pena para aquele crime, determinado pelo Estado e pela Igreja, era o apedrejamento em praça pública até a morte, como ainda acontece em alguns países islâmicos. Jesus calmamente começa a escrever no chão e diz: quem dentre vós não tiver pecado, atire a primeira pedra. (Jo 8,1-11).

Dois milênios depois, estamos às vésperas de uma das eleições mais emblemáticas dos últimos anos, no Brasil, principalmente por colocar a religião como pauta principal. Um dos nomes mais discutidos na campanha, sustenta o sobrenome MESSIAS. É claro que seria impossível não fazer uma comparação entre os dois. Mas a comparação termina por aí, no nome MESSIAS, senão vejamos. Enquanto o MESSIAS, Jesus, pregou o amor à mulher pega em adultério, o outro Messias afirmou categoricamente: “Eu tenho 5 filhos. Foram 4 homens, a quinta eu dei uma fraquejada e veio uma mulher,” como se mulher fosse um ser inferior ao homem; ou se esquecesse que foi necessário uma mulher para ter nascido ou que casou com três. Em outro momento de falta de amor, não perdoou a própria família: “Seria incapaz de amar um filho homossexual. Não vou dar uma de hipócrita aqui: prefiro que um filho meu morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí. Para mim ele vai ter morrido mesmo” (disse o candidato em entrevista concedida à revista Playboy em junho de 2011).

Idolatrado como defensor dos valores familiares, casou três vezes. Foi acusado de ameaçar de morte a ex-mulher e mãe de três de seus filhos, a quem saiu publicamente em sua defesa, mesmo sendo candidata a deputada federal pelo Podemos e que usa o mesmo sobrenome do ex-marido. Entretanto, um amigo dela, Fernando Xavier, afirma que há 13 anos abrigou Ana Cristina em Oslo, na Noruega, que fugia de uma ameaça de morte.

Também venerado pelo seu discurso de “combate à corrupção”, em entrevista à TV Bandeirantes, em 1999, afirmou que sonegava impostos: “Conselho meu e eu faço: eu sonego tudo que for possível. Se puder, não pago (imposto) porque o dinheiro vai pro ralo, pra sacanagem. Prego sobrevivência. Se pagar tudo o que o governo pede, você não sobrevive”. De acordo com o TSE, entre os pleitos de 2010 e 2014 a renda do Bolsonaro subiu 97% sendo incompatível com o cargo que ocupa até hoje. Em 2014, a sua declaração de bens constava em R$ 2.074.692,43, (dois milhões, setenta e quatro mil, seiscentos e noventa e dois reais e quarenta e três centavos), valor que inclui cinco imóveis, entre os quais dois que não constavam na declaração anterior. Dois desses imóveis avaliados em R$ 400 mil e R$ 500 mil estão localizado em bairro nobre do Rio de Janeiro, onde as mansões são avaliadas muito acima desses valores. A renda dos filhos segue na mesma linha. No entanto, não se pode negar que é defensor da família: colocou os três filhos na política: Carlos é vereador no Rio de Janeiro, há 18 anos, sendo eleito pela primeira vez com 17; Eduardo é deputado Federal por São Paulo; Flávio, o primogênito, é deputado pelo Rio de Janeiro e a mãe de seus filhos é candidata a deputada Federal.

Muito ao contrário do outro MESSIAS, esse é preconceituoso, misógino e racista. Se o primeiro foi capaz de unir 10 mandamentos em 1, “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo” (Mt, 22, 34-40), este simplificou que a violência pode ser combatida com mais violência. Para ele, o refendo de 2005, em que todos os eleitores brasileiros foram chamados a decidir pelo desarmamento ou não da população, foi um erro, ao decidirem pelo desarmamento. Ele já chegou a afirmar que: “Eu entendo que o cidadão armado é a primeira linha de defesa de um país que quer ser democrático. Tem que abrir para o maior número de pessoas ter o porte de armas”, ao mesmo tempo faz propaganda para a Taurus, uma das principais fabricantes de arma do país que, nos dois últimos meses deste ano, teve mais de 140% de alta em suas ações na bolsa de valores, só perdendo para o Banco do Brasil. A indústria da arma já doou mais de 2 milhões à “bancada da bala”. Bolsonaro é um dos defensores do Projeto de Lei 3722 que institui o Estatuto do Controle de Armas de Fogo que revoga o Estatuto do Desarmamento.     
Dois ou três dias antes do incidente em que foi atacado com uma faca, Jair havia afirmado que tinha um plano para ganhar no 1º turno. Muitos atribuem essa fala à tentativa de assassinato e chegam a afirmar que tudo não passou de uma trama. Afirmam haver diversas suspeitas: além do discurso, pouco antes do evento; a falta de sangue; a afirmação de que o candidato só andava de coletes à prova de balas, afirmação feita pelos próprios filhos; a declaração de que não passava de um corte superficial, dada por um dos filhos, poucos minutos depois do ocorrido, afirmando ter conversado com os médicos que o atenderam, mas que depois se transformou em ferimento grave de morte, pois valeria mais politicamente, etc, etc.

Como há 2 mil anos, estamos esperando mais um MESSIAS (“o ungido”) para dar um rumo às nossas vidas. O Jair (“ele brilha”), pelo seu histórico de vida e discurso, em nada faz jus às palavras hebraicas. Se o nosso primeiro Messias, usou o amor para unir as nações por mais de 2000 anos, usando um discurso de amor; o segundo se parece mais com um falso profeta que conclama o povo à violência, à cultura do ódio, mas transvestido como o salvador da pátria. Como diz a Bíblia, o livro sagrado dos cristãos: "Cuidado com os falsos profetas. Eles vêm a vocês vestidos de peles de ovelhas, mas por dentro são lobos devoradores.

* Bacharel em Comunicação pela Universidade Federal do Maranhão