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01 setembro 2016

MAIS UMA PÁGINA NEGRA NA HISTÓRIA DO NOSSO PAÍS

Dia 31 de agosto de 2016, o país assistiu mais uma vez atônito ao julgamento da presidente eleita de forma direta, com maioria de votos, Dilma Rousseff, que teve o seu impedimento aprovado por uma súcia de juízes com interesses privados e escusos, ainda que tenham sido eleitos para representar a coletividade do povo brasileiro. O pais não estava atônito pelo resultado, já antecipadamente anunciado por ser um jogo de cartas marcadas já sido conhecido antes mesmo de seu início. Os jogadores jamais mostraram interesse pelo coletivo, mas sim, de se livrar da operação que escancarou o lado negro da política de interesses que sempre ocorreu e usava e usará nossas empresas públicas e recurso de empresas privadas para investir em suas campanhas. A perplexidade se deveu ao ver 61 senadores, apenas 61 senadores investidos do título de juízes julgar uma ré por crime de responsabilidade fiscal quando boa parte desses “juízes” são réus em processos muito mais graves que aquele posto em julgamento, e pior, substituindo a decisão de mais 54 milhões de brasileiros que outorgaram a Dilma o direito de os representar.

Em nome de uma tal “governabilidade”, tais juízes rasgaram a Constituição, vilipendiaram o interesse coletivo e não tiveram nem o cuidado de esconder o disparate que foi o julgamento de interesses espúrios como revelou o senador Acir Gurgacz do PDT-RO, que afirmou ter votado em favor do impedimento, sabendo, tanto ele, quanto os  outros senadores, não haver crime de responsabilidade fiscal. Se um dos juízes faz tal afirmação, no mínimo o STF deveria anular o julgamento, pois os juízes não foram “juízes”, competentes para julgar a causa e o objeto em questão foi analisado à revelia.

A fala de outro parlamentar vem demostrar a falta de coerência que se debruçou sobre a política partidária em nosso país. O deputado afastado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) desabafou em nota divulgada logo após a aprovação do impedimento: "Esperamos que o fim desse processo possa virar uma página negra na história deste país, com o afastamento também das nefastas práticas desse governo afastado”. Essa é a fala de um réu na Lava Jato e alvo de investigações na mesma operação, sendo afastado da Câmara Federal acusado de usar o cargo para prejudicar as investigações. Um parlamentar, assim como um senado, infestado de práticas funestas, não tem moral para emitir qualquer opinião ou dado o mínimo de credibilidade a palavras tão vazias de sentido. 

De outro lado, como legitimar um governo ilegítimo. Como aceitar um governante golpista que agiu como Judas. As justificativas para afastar o governo petista escondem a real intenção de instalar uma agenda conservadora e neoliberal que vai retirar os direitos sociais adquiridos por aqueles que sempre estiveram à margem das políticas públicas. A privatização volta a ser uma das principais pautas justificadas pela necessidade da organização das nossas instituições públicas.

A mídia golpista hoje esconde os números pífios do novo (velho e decrépito) governo (como o seu maior representante) que só agravam a crise, aumentando o desemprego, sem controlar a inflação e reduzir as dívidas internas. O governo usurpador já está no poder há mais de 100 dias, e diferente do que afirmavam, não houve qualquer mudança nos rumos da economia. O mercado não apostou na mudança, como afirmavam os economistas, e o país ruma ladeira abaixo subtraindo os avanços sociais garantidos nos últimos anos.

De fato, a nossa história está sendo escrita com tinta negra, e não só uma página, mas a partir de agora, todas as vindouras estarão manchadas com o negrume do ódio dos golpistas, até que o povo perceba o seu poder e os expurgue do nosso meio dando a eles a única coisa que merecem, o nosso desprezo e o eterno ostracismo.


Emerson Marinho

LUTO POR TI BRASIL


Ouve-se desde o planalto um silêncio incrédulo;
O povo heroico, há muito não se vê representado;
Acompanha o brado retumbante de uma turba de malfazejos
que clamam a si o direito particular, o plural de seus desejos.

Hoje o sol não brilhou, o ódio dissipado pelos corações dos infelizes
cobriu o astro rei com uma nuvem espessa e pútrida.
A vergonha é o sentimento coletivo,
que leva para além-mar
a imagem desbotada desse povo varonil,
por meia dúzia de abjetos senhores ignóbil.
A liberdade se vê às vésperas dos grilhões
guardados por nossa história manchada a ferro e sangue,
negra história, marcada por autoritarismo e desgoverno,
que ainda hoje habitam as lembranças de suas vítimas a termo.

No seio do teu povo heroico e varonil,
não há clamor por liberdade, por justiça,
que desafia a própria morte,
pois a tua voz não mais se ouviu.

Ó pátria amada! Vilipendiada,
usurpada desde a mais tenra idade.
Salve, salve esse teu povo que se sente órfão
de direitos, de respeito de dignidade.
Já não há garantias para o penhor dessa igualdade;
Porquanto alguns mais iguais que outros são.
E o teu braço forte, não imprime respeito,
já não sustenta os teus direitos,
nem mais os teus filhos, que hoje a luta não mais vão.

Brasil, fostes reduzido a sonho intenso, quimera;
Por quem, te trata como propriedade sua, pudera!
Subtraindo tua esperança, rudeza
de ser gigante como tua própria natureza.
Os nossos bosques já não tem mais vida,
em nosso peito já não habita mais amores.
Já não és belo, nem forte,
e o teu futuro não espelha qualquer grandeza.

Permaneces deitado eternamente em berço desditoso
Ao som abafado nos mais profundos recônditos sítios,
por desconhecer seus direitos, seus ditames, és temeroso.

Pátria amada,
Ergueste a clava forte da injustiça
Teus filhos tem o que Temer.
Temer usurpador do poder;
Temer corrupto e corruptor;
Temer judas traidor;
Temer entidade que quer poder.


Aos filhos desde solo és mãe senil,
Pátria usurpada.
Por ti Luto Brasil.

Emerson Marinho