Pages

26 novembro 2016

A GLOBO E A MANIPULAÇÃO DA NOTÍCIA

Por: Emerson Marinho*

Falar da Globo e sua intimidade de uso do discurso para manipulação da informação é tratar do óbvio, porquanto já foi protagonista de tantos exemplos recentes na história da nova república repetidos à exaustão nos estudos acadêmicos no interior das academias que tratam de comunicação e até mesmo entre aqueles, pouco letrados, mas interessados nas histórias obscuras dos nossos meios formais de comunicação social. Evitando ser prolixo cita-se o episódio da eleição do primeiro presidente por voto direto, ou ser uma das grandes responsáveis pelos dois casos de impeachment do nosso país, nos dois estremos da nossa recente história de democracia. Entretanto, é salutar apresentar um exemplo recente de manipulação de notícia com fato externo ao nosso território. Não há aqui um estudo de caso, com dados explicativos que testifiquem as informações aqui prestadas, mas observações que podem ser constatadas por qualquer leigo que se interesse por política partidária, ou mesmo em história contemporânea.

Há um ditado popular entre aqueles que se interessam por jogos: quem vê melhor é quem está de fora. A eleição para presidente nos EUA serve como uma excelente oportunidade para fazer uso desta máxima.

Quem acompanhou os telejornais globais e suas coberturas das eleições norte americanas, semanas antes do grande dia, deve lembrar como os dois candidatos eram abordados: Donald Trump foi mostrado como um ser desprezível, arrogante, misógino, racista, xenófobo e até mesmo louco. A tentativa de deturpar a imagem dele levou a colocá-lo contra imigrantes, pobres, e até contra as próprias políticas nacionais e mesmo internacionais. Por fim, os colocou contra as mulheres, tendo sua principal representante a Hilary Clinton, que foi apresentada como uma mulher injustiçada, agredida por alguém bruto que lhe atinge em sua natureza feminina. Hilary, ainda que injustiçada, era a mulher que mais representava as ideias progressistas para manter o país como a principal potência mundial e a esperança de manter a ordem econômica mundial.

As semanas passam e a proximidade da eleição mais abre hiatos que congruência entre o discurso dos telejornais da Globo e o resultado das pesquisas de intenções de voto para presidente dos EUA: se o candidato é tão desprezível e despreparado para assumir a presidência, por quê o candidato tem quase metade da preferência do eleitorado? Das duas uma: ou o povo americano era irresponsável para escolher um ser vil, miserável para assumir o principal cargo no país e quiçá, no mundo, ou as informações passadas pela Globo estavam deturpadas.

Com a proximidade do dia da eleição, e as pesquisas apontando a possibilidade do republicano vencer o pleito, ainda que a Globo não aceitasse isso como fato, tenta ajustar o discurso e passa a mostrar a Hilary como uma mulher nem tão preparada para assumir o cargo. O discurso apresentado no Jornal da Globo, véspera da eleição, já anunciava uma disputa acirrada e não tão certa com a vitória da Democrata, ou mesmo, o que não era cogitado, a derrota da preferida da emissora. Talvez não fique tão claro para os leigos as razões e interesses da emissora global pela preferência à candidata (isso daria assunto para outro post), mas o certo é que ela vai ter que engolir o Donald Trump.

De volta ao Brasil, dois dias depois de cobrir in loco as eleições americanas, o apresentador do Jornal da Globo, William Waack, em um dos blocos conversa com o narrador esportivo, Luís Roberto, indagando em tom melancólico, carregado de decepção, quais seriam os prognósticos sobre o campeonato brasileiro, já que seria mais fácil analisar o campeonato brasileiro que a política, dando a entender que jamais esperavam por aquele desfecho.

Com a mudança do discurso radical do Trump para um discurso mais conciliador, a Globo tenta atenuar o seu, mas ainda carrega o mesmo ódio que guarda da esquerda brasileira que lhe tirou a oportunidade de continuar fazendo uso indiscriminado dos recursos publicitários que tanto foram necessários para a manutenção da rede de comunicação como a maior da América Latina e uma das cinco maiores do mundo. Como as teorias, as história nunca se fecham e estão o tempo todo em constante mudanças ou ajustamentos. Se pode constatar os fatos aqui expostos e o desenrolar e o ajustamento ou não do discurso da Rede Globo ao momento político nos telejornais da Globo, isso se alguém tiver estômago para encarar o discurso tendencioso, parcial e carregado de ódio por aqueles que se colocam contra a sua hegemonia.



*Bacharel em Comunicação Social

01 setembro 2016

MAIS UMA PÁGINA NEGRA NA HISTÓRIA DO NOSSO PAÍS

Dia 31 de agosto de 2016, o país assistiu mais uma vez atônito ao julgamento da presidente eleita de forma direta, com maioria de votos, Dilma Rousseff, que teve o seu impedimento aprovado por uma súcia de juízes com interesses privados e escusos, ainda que tenham sido eleitos para representar a coletividade do povo brasileiro. O pais não estava atônito pelo resultado, já antecipadamente anunciado por ser um jogo de cartas marcadas já sido conhecido antes mesmo de seu início. Os jogadores jamais mostraram interesse pelo coletivo, mas sim, de se livrar da operação que escancarou o lado negro da política de interesses que sempre ocorreu e usava e usará nossas empresas públicas e recurso de empresas privadas para investir em suas campanhas. A perplexidade se deveu ao ver 61 senadores, apenas 61 senadores investidos do título de juízes julgar uma ré por crime de responsabilidade fiscal quando boa parte desses “juízes” são réus em processos muito mais graves que aquele posto em julgamento, e pior, substituindo a decisão de mais 54 milhões de brasileiros que outorgaram a Dilma o direito de os representar.

Em nome de uma tal “governabilidade”, tais juízes rasgaram a Constituição, vilipendiaram o interesse coletivo e não tiveram nem o cuidado de esconder o disparate que foi o julgamento de interesses espúrios como revelou o senador Acir Gurgacz do PDT-RO, que afirmou ter votado em favor do impedimento, sabendo, tanto ele, quanto os  outros senadores, não haver crime de responsabilidade fiscal. Se um dos juízes faz tal afirmação, no mínimo o STF deveria anular o julgamento, pois os juízes não foram “juízes”, competentes para julgar a causa e o objeto em questão foi analisado à revelia.

A fala de outro parlamentar vem demostrar a falta de coerência que se debruçou sobre a política partidária em nosso país. O deputado afastado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) desabafou em nota divulgada logo após a aprovação do impedimento: "Esperamos que o fim desse processo possa virar uma página negra na história deste país, com o afastamento também das nefastas práticas desse governo afastado”. Essa é a fala de um réu na Lava Jato e alvo de investigações na mesma operação, sendo afastado da Câmara Federal acusado de usar o cargo para prejudicar as investigações. Um parlamentar, assim como um senado, infestado de práticas funestas, não tem moral para emitir qualquer opinião ou dado o mínimo de credibilidade a palavras tão vazias de sentido. 

De outro lado, como legitimar um governo ilegítimo. Como aceitar um governante golpista que agiu como Judas. As justificativas para afastar o governo petista escondem a real intenção de instalar uma agenda conservadora e neoliberal que vai retirar os direitos sociais adquiridos por aqueles que sempre estiveram à margem das políticas públicas. A privatização volta a ser uma das principais pautas justificadas pela necessidade da organização das nossas instituições públicas.

A mídia golpista hoje esconde os números pífios do novo (velho e decrépito) governo (como o seu maior representante) que só agravam a crise, aumentando o desemprego, sem controlar a inflação e reduzir as dívidas internas. O governo usurpador já está no poder há mais de 100 dias, e diferente do que afirmavam, não houve qualquer mudança nos rumos da economia. O mercado não apostou na mudança, como afirmavam os economistas, e o país ruma ladeira abaixo subtraindo os avanços sociais garantidos nos últimos anos.

De fato, a nossa história está sendo escrita com tinta negra, e não só uma página, mas a partir de agora, todas as vindouras estarão manchadas com o negrume do ódio dos golpistas, até que o povo perceba o seu poder e os expurgue do nosso meio dando a eles a única coisa que merecem, o nosso desprezo e o eterno ostracismo.


Emerson Marinho

LUTO POR TI BRASIL


Ouve-se desde o planalto um silêncio incrédulo;
O povo heroico, há muito não se vê representado;
Acompanha o brado retumbante de uma turba de malfazejos
que clamam a si o direito particular, o plural de seus desejos.

Hoje o sol não brilhou, o ódio dissipado pelos corações dos infelizes
cobriu o astro rei com uma nuvem espessa e pútrida.
A vergonha é o sentimento coletivo,
que leva para além-mar
a imagem desbotada desse povo varonil,
por meia dúzia de abjetos senhores ignóbil.
A liberdade se vê às vésperas dos grilhões
guardados por nossa história manchada a ferro e sangue,
negra história, marcada por autoritarismo e desgoverno,
que ainda hoje habitam as lembranças de suas vítimas a termo.

No seio do teu povo heroico e varonil,
não há clamor por liberdade, por justiça,
que desafia a própria morte,
pois a tua voz não mais se ouviu.

Ó pátria amada! Vilipendiada,
usurpada desde a mais tenra idade.
Salve, salve esse teu povo que se sente órfão
de direitos, de respeito de dignidade.
Já não há garantias para o penhor dessa igualdade;
Porquanto alguns mais iguais que outros são.
E o teu braço forte, não imprime respeito,
já não sustenta os teus direitos,
nem mais os teus filhos, que hoje a luta não mais vão.

Brasil, fostes reduzido a sonho intenso, quimera;
Por quem, te trata como propriedade sua, pudera!
Subtraindo tua esperança, rudeza
de ser gigante como tua própria natureza.
Os nossos bosques já não tem mais vida,
em nosso peito já não habita mais amores.
Já não és belo, nem forte,
e o teu futuro não espelha qualquer grandeza.

Permaneces deitado eternamente em berço desditoso
Ao som abafado nos mais profundos recônditos sítios,
por desconhecer seus direitos, seus ditames, és temeroso.

Pátria amada,
Ergueste a clava forte da injustiça
Teus filhos tem o que Temer.
Temer usurpador do poder;
Temer corrupto e corruptor;
Temer judas traidor;
Temer entidade que quer poder.


Aos filhos desde solo és mãe senil,
Pátria usurpada.
Por ti Luto Brasil.

Emerson Marinho