Tomo a liberdade para fazer uso
de parte do texto publicado pelo Observatório da Imprensa de autoria de Luciano
Martins Costa intitulado “Relativizando Sheherazade”, para tecer alguns
comentários.
Em momento algum desejo “relativizar”
com o autor do texto, criticá-lo ou, menos ainda, justificá-lo. Me sirvo do
texto, somente, para levantar questões que precisam servir de pauta de discussão
social, para além do futebol ou o debate promovido pelos protagonistas da
novela das 9h.
Ativistas dos direitos humanos ao
se manifestarem contra as declarações da jornalista consideraram que ela
justificava a ação dos linchadores quando afirmou: “Num país que ostenta
incríveis 26 assassinatos a cada 100 mil habitantes, a atitude dos vingadores é
até compreensível”. A meu ver, quando ela diz compreender algo, não necessariamente,
ela é a favor do ato, mas sim, compreende porque o fato acontece, algo comum
aos cientistas do comportamento social.
Me detenho a falar dos ativistas
dos direitos humanos, me permitindo “martelar o ramerrão dos arautos da
incivilidade” indagando aonde estão estes quando pais de família são assassinados
por criminosos impiedosos após roubarem um celular, ou uns míseros trocados
guardados na carteira para comprar o pão de cada dia dos seus filhos? Onde estão
os ativistas quando nossas mulheres são estupradas, torturadas e assassinadas
por garotos de maior idade ou não ou pelos seus companheiros sem que tenham
qualquer chance de defesa? Onde estão os ativistas quando nossas crianças são barbaramente
estupradas, mortas, arrastadas pelas estradas e mutilada por pequenos bandidos
que não mais temem a lei?
É “compreensível”, quando estes
ativistas afirmam ser contrários ao discurso de quem afirma serem os Direitos
Humanos a favor de criminosos, afinal, segundo eles, estes infelizes não tem
ninguém para defendê-los. No entanto, quem é a nosso favor? A quem podemos
contar para nos defender? Com policiais que usam do poder que sua farda lhe assegura
para serem juízes e executores? A justiça vagarosa e sobrecarregada que reclama
da infinidade de processos emperrados e retardados pela lei que garante
recursos e mais recursos aos “acusados” de crimes?
Enquanto isso, nossas casas são invadidas
pelos telejornais, dando conta, cotidianamente, de bandidos respondendo a vários
crimes a cometerem novos trazendo no rosto a certeza da impunidade. Na verdade,
muitos estão soltos por conta dos DIREITOS HUMANOS que com afinco lutam para eles
terem direito a boa alimentação, estadia, indultos, visitas íntimas, progressão
de pena, liberdade condicional, etc., “compreensível” ainda que “EU” não seja a
favor. Justifico. A sociedade é vitimizada ao ser assaltada, violentada,
vilipendiada, assassinada por esses criminosos. Em seguida, essa mesma
sociedade deve sustentar os bandidos em presídios caros e mal administrados, e
seus filhos por meio do auxílio-reclusão de até R$ 971,78. Pior, se esses
criminosos forem assassinados dentro das instituições prisionais, a família
recebe indenização de mais de R$ 100,00 (cem mil reais).
Em contra partida, a mulher e
filhos do miserável pai de família assassinado pelo “Humano” bandido não tem
direito a nada. Não é assistido pelo governo nem com as despesas do funeral.
A sociedade é contra este peso e
duas medidas promovidas pela lei que dá DIREITO a quem menos merece e não assiste
a quem contribui para o Estado continuar a ordenar as nossas vidas.
Emerson Marinho