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09 julho 2023

GRUPO PRÓ-ARMAS FAZ MANIFESTAÇÃO EM BRASÍLIA PRÓXIMO AO CONGRESSO NACIONAL

Ato reúne apoiadores do armamento da população e gera debates sobre a segurança e os impactos da política de liberação de armas no Brasil

Emerson Marinho*

Fonte: Revista Fórum
No último sábado (6), Brasília foi palco de uma manifestação pró-armas que contou com a presença do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro. O evento, realizado a aproximadamente 600 metros do Congresso Nacional, reuniu apoiadores que defendem o direito dos cidadãos de possuir e portar armas de fogo.

Os manifestantes marcaram presença com faixas, cartazes e bandeiras com mensagens como "Armas salvam vidas", "Bandido bom é bandido morto" e "Quem defende o desarmamento defende o genocídio". Durante a manifestação, entoaram o hino nacional e proferiram palavras de ordem contra o presidente Lula (PT) e o Supremo Tribunal Federal (STF).

Em seu discurso para os apoiadores, Eduardo Bolsonaro ressaltou que o direito ao armamento é uma questão de liberdade e defesa pessoal. Além disso, elogiou o pai, Jair Bolsonaro, enfatizando que durante seu mandato foram editados decretos para facilitar o acesso a armas e munições.

No entanto, a manifestação pró-armas ocorre em um momento preocupante para o Brasil, que registra um aumento alarmante no número de mortes por armas de fogo, principalmente entre crianças e adolescentes. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em 2020 foram contabilizados 50 mil óbitos por disparos acidentais ou intencionais, representando 78% das mortes violentas no país. Além disso, o número de armas de fogo registradas mais que dobrou entre 2017 e 2020.

Organizações como a ONG Criança Segura também alertam para o aumento das mortes acidentais de crianças e adolescentes causadas por armas de fogo. Entre 2016 e 2017, esses casos quase dobraram, passando de 20 para 39 vítimas. Especificamente entre meninos e meninas de 1 a 4 anos, o número de casos fatais aumentou em 350%, saindo de duas para nove mortes. Em 2019, uma triste estatística revelou que a cada hora, uma criança ou adolescente perdeu a vida no Brasil devido a ferimentos por arma de fogo. Considerando essas informações, é possível inferir que o número de mortes acidentais de crianças por armas de fogo aumentou nos últimos anos. No entanto, não é possível apontar os dados oficiais dos anos mais recentes, pois o Ministério da Saúde não atualizou os dados sobre as causas das mortes acidentais de crianças e adolescentes para se ter uma resposta mais precisa. 

Ainda assim, esses dados evidenciam a necessidade de repensar a política de liberação de armas no país, pois ela coloca em risco a vida e a segurança da população, principalmente dos mais vulneráveis. Em vez de facilitar o acesso às armas, o governo deveria investir em políticas públicas de prevenção da violência, educação, saúde e assistência social. Ao invés de promover a cultura do ódio, vingança e violência, é essencial fomentar a cultura da paz, do diálogo e da tolerância. O Brasil não precisa de mais armas, precisa de mais vida.

*Bacharel em Comunicação Social