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04 julho 2020

IMPACTOS DA DESINFORMAÇÃO NO COMBATE À PANDEMIA EM SÃO LUÍS

*Emerson Marinho

Imagem da Internet
A população ludovicense tem, nos últimos dias, relaxado as medidas de isolamento social e prevenção, como o uso de máscaras. Os números do achatamento da curva, na capital, dão a impressão de que o pior da crise já passou. Em tese, cremos estar chegando na realidade semelhante àquela que os europeus chegaram. Após o pico vem o momento do relaxamento das medidas e a reabertura das atividades.


Entretanto, a realidade brasileira se mostra bastante distinta. A falta de apoio incisivo do Governo Federal para o combate à pandemia, refletido principalmente na ausência de um Ministro da Saúde efetivo e duradouro, por vários meses, além do relaxamento das medidas restritivas em diversas cidades do país, trouxe o agravamento da crise e a volta às medidas de isolamento social. O número de contaminados e óbitos cresceu de forma assustadora.

Na contramão desses números, o achatamento da curva de contaminados e óbitos, registrados na capital maranhense, diminuiu. Esses dados têm contribuído para uma falsa sensação de fim da crise no Estado e a necessidade da pronta reabertura das atividades não essenciais. Junto a isso, a desinformação ou a falta de informações precisas, tem contribuído para que a população relaxe as medidas sanitárias exigidas pelo governo e órgãos de saúde. Notícias de novos medicamentos para o combate ao vírus, e outras relacionadas a vacinas desenvolvidas e próximas de serem produzidas em massa, levam a essa falta sensação de que o inimigo não é mais imbatível.

Entretanto, muitos municípios no Estado estão no início da crise e São Luís não está livre do vírus ou do risco do agravamento da crise. Com a redução da ocupação dos leitos de UTI, ou mesmo dos leitos clínicos na capital, muitos casos graves, oriundos do interior, vem ocupando essas vagas trazendo o vírus para a capital e o risco futuro de uma nova contaminação, se porventura houver o total controle do contágio.

Lembrando que o governo do Estado foi um dos primeiros do país a adotar medidas restritivas e outras medidas de combate ao vírus. Mesmo assim, a capital maranhense ocupou, no início, os primeiros lugares em números de óbitos, levando em conta a percentagem da população. No final de junho, o Ministério da Educação divulgou que o Maranhão tinha 4 cidades entre as de menor crescimento de novos casos da doença. As três primeiras posições eram ocupadas por cidades maranhenses, localizadas na grande ilha. São Luís ocupava a 2ª posição.

Analisando com um olhar crítico para toda essa realidade, levando em consideração os cenários global e municipal, entende-se existir muitas vitórias no Estado. No entanto, a guerra contra esse inimigo, ainda não totalmente conhecido, está longe do fim. É necessário cautela a cada novo passo por parte dos gestores e da população. É fundamental a análise criteriosa dos dados fornecidos pela ciência e suas recomendações, mas trazendo para as especificidades e realidades de cada região. Só assim, será possível a adoção de políticas que permitam o afrouxamento das medidas restritivas de forma gradual, sem prejuízos para as conquistas já alcançadas.

* Bacharel em Comunicação Social