Hamas é um movimento islâmico que nasceu com o apoio de Israel, mas se
tornou seu inimigo mortal. O grupo lançou um ataque surpresa contra Israel em
outubro de 2023, provocando uma guerra sangrenta. Mas Israel também tem uma
longa história de violações dos direitos humanos e do direito internacional na
Palestina, que não pode ser ignorada.
Emerson
Marinho*
Imagem da internet |
O
Hamas iniciou sua luta armada contra Israel em 1993, após a assinatura dos
Acordos de Oslo entre a OLP e Israel, que previam a criação de uma autoridade
palestina limitada nos territórios ocupados. O Hamas rejeitou os acordos por
considerá-los uma traição à causa palestina e uma renúncia ao direito de
retorno dos refugiados. Desde então, o Hamas lançou ou permitiu que outros
grupos lançassem milhares de foguetes contra Israel e realizou outros ataques
mortais, incluindo atentados suicidas. Israel também atacou repetidamente o
Hamas com ataques aéreos e, juntamente com o Egito, bloqueou a Faixa de Gaza
desde 2007, alegando que isso é para sua segurança.
O
conflito entre Israel e o Hamas se intensificou em outubro de 2023, quando o
grupo militante lançou um ataque surpresa contra o sul de Israel, matando centenas
de civis e soldados e fazendo dezenas de reféns. Israel declarou guerra ao
grupo em resposta e indicou que seu exército está planejando uma longa campanha
para derrotá-lo. O ataque do Hamas foi uma tentativa de retaliação a uma série
de ataques realizados pelo governo de Israel nos meses anteriores, que visavam
eliminar líderes e membros do grupo, além de reprimir protestos e manifestações
palestinas na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental. Esses ataques não foram
divulgados pela grande imprensa, que tende a favorecer a narrativa israelense
do conflito.
Mas
Israel também tem uma longa história de violações dos direitos humanos e do
direito internacional na Palestina, que não pode ser ignorada. Desde 1967,
Israel ocupa ilegalmente a Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, e
constrói assentamentos ilegais em terras palestinas. Israel também impõe
restrições severas à liberdade de movimento dos palestinos, aos seus direitos
civis e políticos, à sua educação e saúde, e à sua economia. Israel também tem
usado força excessiva e desproporcional contra os palestinos, matando milhares
de civis inocentes, incluindo crianças, mulheres e idosos. Além disso, Israel
tem detido arbitrariamente milhares de palestinos sem acusação ou julgamento,
torturado e maltratado prisioneiros, e negado o acesso a advogados e familiares.
As
ações do Hamas são injustificáveis, assim como as ações de Israel, ou mesmo de
países como os Estados Unidos que defendem uma guerra em que as maiores vítimas
são a população mais pobre e civil. A violência entre as duas partes tem
alcançado níveis não vistos desde a última intifada palestina encerrada em
2005. A solução para o conflito passa pelo reconhecimento mútuo dos direitos
nacionais e humanos dos dois povos, pela implementação do direito internacional
e das resoluções da ONU, e pela busca da paz com justiça e dignidade. Numa
guerra não há vencedores, apenas perdedores.
A
guerra entre Israel e o Hamas também gera uma preocupação com uma possível
guerra mundial, envolvendo outras potências regionais e globais. O Irã, por
exemplo, é um aliado do Hamas e tem fornecido armas e apoio financeiro ao
grupo. A Turquia, por outro lado, é um aliado da OTAN, mas também tem boas
relações com o Hamas e tem criticado duramente Israel. A Arábia Saudita, que é
um aliado dos Estados Unidos, mas também um rival do Irã, tem mantido uma
posição ambígua sobre o conflito. A China e a Rússia, que são membros
permanentes do Conselho de Segurança da ONU, têm interesses estratégicos na
região e têm vetado resoluções que condenam Israel ou o Hamas. Qualquer
escalada do conflito pode provocar uma reação em cadeia que envolva esses
países e outros atores, aumentando o risco de uma guerra mundial.
* Bacharel em Comunicação Social