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12 outubro 2023

A REAL HISTÓRIA SOBRE A GUERRA ENTRE O HAMAS X ISRAEL

 Hamas é um movimento islâmico que nasceu com o apoio de Israel, mas se tornou seu inimigo mortal. O grupo lançou um ataque surpresa contra Israel em outubro de 2023, provocando uma guerra sangrenta. Mas Israel também tem uma longa história de violações dos direitos humanos e do direito internacional na Palestina, que não pode ser ignorada.

Emerson Marinho*

Imagem da internet
O Hamas é um movimento islâmico militante e um dos principais partidos políticos palestinos. Ele governa mais de dois milhões de palestinos na Faixa de Gaza, mas é mais conhecido por sua resistência armada a Israel. O Hamas foi fundado em 1987, como um braço político da Irmandade Muçulmana na Palestina, que tinha sido apoiada por Israel nos anos 1970 e 1980 como uma forma de enfraquecer a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), liderada por Yasser Arafat. Em 1988, o Hamas publicou sua carta, que defendia a destruição de Israel e o estabelecimento de uma sociedade islâmica na Palestina histórica.

O Hamas iniciou sua luta armada contra Israel em 1993, após a assinatura dos Acordos de Oslo entre a OLP e Israel, que previam a criação de uma autoridade palestina limitada nos territórios ocupados. O Hamas rejeitou os acordos por considerá-los uma traição à causa palestina e uma renúncia ao direito de retorno dos refugiados. Desde então, o Hamas lançou ou permitiu que outros grupos lançassem milhares de foguetes contra Israel e realizou outros ataques mortais, incluindo atentados suicidas. Israel também atacou repetidamente o Hamas com ataques aéreos e, juntamente com o Egito, bloqueou a Faixa de Gaza desde 2007, alegando que isso é para sua segurança.

O conflito entre Israel e o Hamas se intensificou em outubro de 2023, quando o grupo militante lançou um ataque surpresa contra o sul de Israel, matando centenas de civis e soldados e fazendo dezenas de reféns. Israel declarou guerra ao grupo em resposta e indicou que seu exército está planejando uma longa campanha para derrotá-lo. O ataque do Hamas foi uma tentativa de retaliação a uma série de ataques realizados pelo governo de Israel nos meses anteriores, que visavam eliminar líderes e membros do grupo, além de reprimir protestos e manifestações palestinas na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental. Esses ataques não foram divulgados pela grande imprensa, que tende a favorecer a narrativa israelense do conflito.

Mas Israel também tem uma longa história de violações dos direitos humanos e do direito internacional na Palestina, que não pode ser ignorada. Desde 1967, Israel ocupa ilegalmente a Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, e constrói assentamentos ilegais em terras palestinas. Israel também impõe restrições severas à liberdade de movimento dos palestinos, aos seus direitos civis e políticos, à sua educação e saúde, e à sua economia. Israel também tem usado força excessiva e desproporcional contra os palestinos, matando milhares de civis inocentes, incluindo crianças, mulheres e idosos. Além disso, Israel tem detido arbitrariamente milhares de palestinos sem acusação ou julgamento, torturado e maltratado prisioneiros, e negado o acesso a advogados e familiares.

As ações do Hamas são injustificáveis, assim como as ações de Israel, ou mesmo de países como os Estados Unidos que defendem uma guerra em que as maiores vítimas são a população mais pobre e civil. A violência entre as duas partes tem alcançado níveis não vistos desde a última intifada palestina encerrada em 2005. A solução para o conflito passa pelo reconhecimento mútuo dos direitos nacionais e humanos dos dois povos, pela implementação do direito internacional e das resoluções da ONU, e pela busca da paz com justiça e dignidade. Numa guerra não há vencedores, apenas perdedores.

A guerra entre Israel e o Hamas também gera uma preocupação com uma possível guerra mundial, envolvendo outras potências regionais e globais. O Irã, por exemplo, é um aliado do Hamas e tem fornecido armas e apoio financeiro ao grupo. A Turquia, por outro lado, é um aliado da OTAN, mas também tem boas relações com o Hamas e tem criticado duramente Israel. A Arábia Saudita, que é um aliado dos Estados Unidos, mas também um rival do Irã, tem mantido uma posição ambígua sobre o conflito. A China e a Rússia, que são membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, têm interesses estratégicos na região e têm vetado resoluções que condenam Israel ou o Hamas. Qualquer escalada do conflito pode provocar uma reação em cadeia que envolva esses países e outros atores, aumentando o risco de uma guerra mundial.

* Bacharel em Comunicação Social