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27 junho 2010

O JOGO DE XADREZ DA POLÍTICA MARANHENSE

A política (e a politicagem) estão sempre em alta no Maranhão, e com a chegada do período eleitoral o assunto torna-se mais debatido, tanto por intelectuais como pessoas ditas comuns.
Como num jogo de xadrez, quem está de fora vê melhor o jogo, assim tomo a liberdade de fazer uma singela análise desta porfia, resignando-me de ser o dono da verdade.
Após a grande jogada da usurpação da legitima vontade popular promovida em 2009 pela oligarquia quadragenária para ascender mais uma vez ao governo do Estado, o cenário da atual oposição se tornou amorfo e sem rumo. Em 2006, a vitória oposicionista sobre o grupo liderado pelo presidente do senado decorreu de um lance que formou a Frente de Libertação do Maranhão, coligação formada por dez partidos antagônicos ao inexorável governo; e também porque pela primeira em quarenta anos, os cofres públicos não estavam a serviço daquele grupo.
É inegável que a gestão do governador cassado, Jackson Lago, foi desastrosa deixando-o exposto e munindo a atual candidata à reeleição para, junto com seus marqueteiros, formular táticas para desconstruir o seu discurso e aplicar-lhe a jogada derradeira. Ainda assim, o ex-prefeito tem alguns recursos que podem ser usados para virar o jogo e permitir a sua eleição (ou reeleição?): dentre eles o trabalho explícito promovido em vários municípios do interior do Estado e, principalmente, o alto grau de rejeição da atual governadora.
O jogo já está armado, as peças distribuídas no tabuleiro. O momento atual é do Meio-jogo, as estratégias da oposição, a grosso modo, podem parecer um sacrifício num primeiro momento: montar duas candidaturas formadas por Jackson Lago e Flávio Dino, quando o mais correto seria unir forças, fazer uma só coligação como em 2006.
Entretanto, deve-se lembrar como aquela partida se desenrolou, houveram três candidaturas: Jackson Lago, PDT; Aderson Lago, PSDB e Edson Vidigal, PSB/PT; a estratégia era a seguinte: Jackson percorria o interior do estado com o discurso de honestidade e trabalho; Aderson combatia a candidatura de Roseana e os métodos políticos do grupo Sarney; e Edson Vidigal articulava alianças com prefeitos e lideranças locais; um jogo articulado digno dos grandes mestres, em parte espontâneo e em parte calculado.
Talvez a proposta agora não seja utilizar a mesma estratégia que sagrou-se vitoriosa naquele pleito, pois no cenário atual o jogo se configura muito diferente: ainda que as peças sejam quase todas as mesmas.
Jackson procura sair do Xeque-Mate que foi dado no instante da sua cassação. O Rei, diferente de um jogo de xadrez convencional, tem mais movimentos e influencia outros jogadores (PT nacional), muda a disposição das peças no tabuleiro e até mesmo suas regras. É ele quem dá as prerrogativas à Rainha, representada por sua filha, para mover peças, promover negociatas em troca de benefícios pessoais aos peões/gestores para financiar a sua campanha. Ao seu lado estão os Bispos, Cavalos e Torres que a qualquer momento se sacrificam por sua rainha, assumem para si as mazelas por ela realizadas em troca de posteriores benefícios cargos em secretarias, ou no alto escalão do governo.
O adversário, do outro lado, joga com peças incolores e amorfas podem a qualquer momento mudar de cor e de valor, passando de Bispo à Rei, de Pião à Rainha.
Neste jogo de mestres, a sorte foi lançada. Os sujeitos comuns acompanham essa história En passant aguardando que o Xeque-Mate seja dado por quem de fato esteja comprometido com o bem estar social.
Por fim aguardamos o Mate esperando que não haja, dessa vez, nova virada de mesa, pois desejamos ver governando aquele a quem damos o nosso voto, a quem joga o nosso jogo.