Na
madrugada do último dia 5, um crime brutal chocou o país. Três médicos foram
assassinados a tiros em um quiosque na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, e um
quarto ficou ferido. Entre as vítimas fatais, estava Diego Ralf Bomfim, de 35
anos, irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e cunhado do também
deputado Glauber Braga (PSOL-RJ). Os médicos estavam na cidade para participar
de um congresso internacional de ortopedia.
Infelizmente,
esse não foi um caso isolado de violência no Rio de Janeiro. A cidade vive uma
situação de guerra, com altos índices de homicídios, latrocínios, roubos e
confrontos armados entre traficantes, milicianos e policiais. Segundo dados do
Instituto de Segurança Pública (ISP), somente em agosto deste ano, foram
registrados 271 homicídios dolosos, 16 latrocínios, 6.688 roubos e 1.057
apreensões de armas de fogo. Ainda assim, houve queda dos indicadores de
crimes em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Alguns
desses crimes tiveram grande repercussão nacional e internacional, como o
assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do motorista Anderson
Gomes, em março de 2018. O caso envolve suspeitas de participação ou influência
de milicianos.
Diante
da chacina do irmão da Sâmia Bomfim, era de se esperar que houvesse uma
manifestação unânime de solidariedade à deputada e aos familiares das vítimas,
independentemente das diferenças políticas ou ideológicas. No entanto, o que se
viu foi uma onda de ódio e desrespeito por parte de alguns setores da direita,
que aproveitaram a tragédia para atacar a parlamentar e o seu partido.
Alguns
youtubers e influenciadores digitais fizeram comentários infelizes nas redes
sociais, ironizando a morte do médico ou insinuando que ele teria envolvimento
com o crime organizado. Um perfil na internet escreveu: “Fiquei feliz por um
momento. Achei que era a Sâmia”. Esse e outros comentários mostram como o
desprezo pela vida dos adversários políticos é um sintoma da doença que
acometeu os bolsonaristas. Eles perderam a capacidade de se sensibilizar com o
sofrimento alheio e de reconhecer a dignidade humana dos que pensam diferente.
Eles se tornaram cúmplices da violência e da barbárie que assolam o país.
A
chacina do irmão da Sâmia Bomfim é mais um episódio lamentável da história de
sangue do Rio de Janeiro. É preciso que as autoridades competentes investiguem
o caso com rigor e celeridade, para identificar e punir os responsáveis pelo
crime. Não podemos deixar que esse caso se repita ou caia no esquecimento, como
aconteceu com o caso da Marielle Franco, que está há mais de três anos sem uma
solução definitiva.
Também
é preciso que a sociedade civil se mobilize em defesa da vida e da democracia.
Não podemos aceitar que a violência seja banalizada ou instrumentalizada para
fins políticos. Não podemos nos calar diante dos ataques aos direitos humanos e
às liberdades civis. Não podemos nos deixar levar pelo ódio e pela
intolerância.