Jair MESSIAS Bolsonaro, o
candidato apoiado pela elite e por grande parte das igrejas e por eles visto
como o novo MESSIAS, o “defensor da família”, dos “valores cristãos” e pelo
discurso de “combate à corrupção tem hoje uma inevitável comparação com o
MESSIAS que surgiu há mais de 2000 anos, que pregava a justiça e o amor acima
de qualquer outro sentimento.
Adorado e venerado pelos cristãos
em suas mais distintas denominações, Jesus Cristo ainda é uma unanimidade, não
só por ser considerado o Filho de Deus, mas por suas ideias revolucionárias que
iam contra as leis do Estado tradicionalista que nada tinha de laico, pois era
influenciado diretamente pela religião. Podemos destacar um dos momentos mais sublimes
dos “seus ensinamentos” quando uma mulher que havia cometido adultério, um dos
maiores crimes da época, pelo menos pelas mulheres, foi trazida diante do
MESSIAS para ser julgada. A pena para aquele crime, determinado pelo Estado e
pela Igreja, era o apedrejamento em praça pública até a morte, como ainda
acontece em alguns países islâmicos. Jesus calmamente começa a escrever no chão
e diz: quem dentre vós não tiver pecado, atire a primeira pedra. (Jo 8,1-11).
Dois milênios depois, estamos às
vésperas de uma das eleições mais emblemáticas dos últimos anos, no Brasil, principalmente
por colocar a religião como pauta principal. Um dos nomes mais discutidos na
campanha, sustenta o sobrenome MESSIAS. É claro que seria impossível não fazer
uma comparação entre os dois. Mas a comparação termina por aí, no nome MESSIAS,
senão vejamos. Enquanto o MESSIAS, Jesus, pregou o amor à mulher pega em
adultério, o outro Messias afirmou categoricamente: “Eu tenho 5 filhos. Foram 4
homens, a quinta eu dei uma fraquejada e veio uma mulher,” como se mulher fosse
um ser inferior ao homem; ou se esquecesse que foi necessário uma mulher para
ter nascido ou que casou com três. Em outro momento de falta de amor, não
perdoou a própria família: “Seria incapaz de amar um filho homossexual. Não vou
dar uma de hipócrita aqui: prefiro que um filho meu morra num acidente do que
apareça com um bigodudo por aí. Para mim ele vai ter morrido mesmo” (disse o
candidato em entrevista concedida à revista Playboy em junho de 2011).
Idolatrado como defensor dos
valores familiares, casou três vezes. Foi acusado de ameaçar de morte a
ex-mulher e mãe de três de seus filhos, a quem saiu publicamente em sua defesa,
mesmo sendo candidata a deputada federal pelo Podemos e que usa o mesmo
sobrenome do ex-marido. Entretanto, um amigo dela, Fernando Xavier, afirma que
há 13 anos abrigou Ana Cristina em Oslo, na Noruega, que fugia de uma ameaça de
morte.
Também venerado pelo seu discurso
de “combate à corrupção”, em entrevista à TV Bandeirantes, em 1999, afirmou que
sonegava impostos: “Conselho meu e eu faço: eu sonego tudo que for possível. Se
puder, não pago (imposto) porque o dinheiro vai pro ralo, pra sacanagem. Prego
sobrevivência. Se pagar tudo o que o governo pede, você não sobrevive”. De
acordo com o TSE, entre os pleitos de 2010 e 2014 a renda do Bolsonaro subiu
97% sendo incompatível com o cargo que ocupa até hoje. Em 2014, a sua
declaração de bens constava em R$ 2.074.692,43, (dois milhões, setenta e quatro
mil, seiscentos e noventa e dois reais e quarenta e três centavos), valor que
inclui cinco imóveis, entre os quais dois que não constavam na declaração
anterior. Dois desses imóveis avaliados em R$ 400 mil e R$ 500 mil estão
localizado em bairro nobre do Rio de Janeiro, onde as mansões são avaliadas
muito acima desses valores. A renda dos filhos segue na mesma linha. No entanto,
não se pode negar que é defensor da família: colocou os três filhos na política:
Carlos é vereador no Rio de Janeiro, há 18 anos, sendo eleito pela primeira vez
com 17; Eduardo é deputado Federal por São Paulo; Flávio, o primogênito, é
deputado pelo Rio de Janeiro e a mãe de seus filhos é candidata a deputada
Federal.
Muito ao contrário do outro
MESSIAS, esse é preconceituoso, misógino e racista. Se o primeiro foi capaz de
unir 10 mandamentos em 1, “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como
a si mesmo” (Mt, 22, 34-40), este simplificou que a violência pode ser
combatida com mais violência. Para ele, o refendo de 2005, em que todos os
eleitores brasileiros foram chamados a decidir pelo desarmamento ou não da
população, foi um erro, ao decidirem pelo desarmamento. Ele já chegou a afirmar
que: “Eu entendo que o cidadão armado é a primeira linha de defesa de um país
que quer ser democrático. Tem que abrir para o maior número de pessoas ter o
porte de armas”, ao mesmo tempo faz propaganda para a Taurus, uma das
principais fabricantes de arma do país que, nos dois últimos meses deste ano,
teve mais de 140% de alta em suas ações na bolsa de valores, só perdendo para o
Banco do Brasil. A indústria da arma já doou mais de 2 milhões à “bancada da
bala”. Bolsonaro é um dos defensores do Projeto de Lei 3722 que institui o
Estatuto do Controle de Armas de Fogo que revoga o Estatuto do Desarmamento.
Dois ou três dias antes do
incidente em que foi atacado com uma faca, Jair havia afirmado que tinha um
plano para ganhar no 1º turno. Muitos atribuem essa fala à tentativa de
assassinato e chegam a afirmar que tudo não passou de uma trama. Afirmam haver
diversas suspeitas: além do discurso, pouco antes do evento; a falta de sangue;
a afirmação de que o candidato só andava de coletes à prova de balas, afirmação
feita pelos próprios filhos; a declaração de que não passava de um corte superficial,
dada por um dos filhos, poucos minutos depois do ocorrido, afirmando ter
conversado com os médicos que o atenderam, mas que depois se transformou em
ferimento grave de morte, pois valeria mais politicamente, etc, etc.
Como há 2 mil anos, estamos esperando
mais um MESSIAS (“o ungido”) para dar um rumo às nossas vidas. O Jair (“ele
brilha”), pelo seu histórico de vida e discurso, em nada faz jus às palavras
hebraicas. Se o nosso primeiro Messias, usou o amor para unir as nações por
mais de 2000 anos, usando um discurso de amor; o segundo se parece mais com um
falso profeta que conclama o povo à violência, à cultura do ódio, mas
transvestido como o salvador da pátria. Como diz a Bíblia, o livro sagrado dos
cristãos: "Cuidado com os falsos profetas. Eles vêm a vocês vestidos de
peles de ovelhas, mas por dentro são lobos devoradores.
* Bacharel em Comunicação pela Universidade
Federal do Maranhão