Pages

25 julho 2009

CABEÇAS VÃO ROLAR


Seria cômica se não fosse trágica a afirmação do advogado do Presidente do Senado quando comenta as denúncias que são feitas contra o seu representado: O Crime é divulgar a conversa. Poderia sugerir a seguinte retificação ao causídico: divulgar a conversa TAMBÉM é crime.
É absurdo como, neste nosso Brasilzão de meu Deus, tudo é normal. As benesses obtidas pelos políticos em muito são tidas como procedimentos normais. A velha máxima "rouba, mas faz", se mantém viva, mais do que nunca, nos discursos proferidos pelos de menor poder aquisitivo ou, os dito, de menor afeiçoamento "intelectual".
Lula diria que "não se pode vender tudo como se fosse um crime de morte". Para o presidente, "uma coisa é matar, outra é roubar, outra é pedir emprego, outra coisa é relação de influência, outra é lobby", como se houvessem crimes menores que não precisassem de condenação. Diz ainda, “o Ministério Público deve considerar a biografia dos investigados”, como se só devessem pagar pelos seus crimes os tantos sujeitos anônimos que sofrem por não terem oportunidade, por serem pobres, negros, sem educação, mas que trabalham de segunda a sábado cumprindo uma rotina de trabalho. Além disso, fazem hora extra para complementar a renda e dar sustento, educação em busca de uma vida melhor a seus filhos.
De fato, tudo neste Brasil é normal.
Facilitação de outorga a emissora de Tv também é normal, tanto que é agradecida por um “obrigado, paizão”.
Quem acompanha de perto a batalha travada pelas nossas rádios comunitárias para conseguir outorga (licença de funcionamento) sabe que é uma luta comparada à Odisséia de Ulisses, herói da mitologia grega.
A “desventura” da Rádio Comunitária Conquista, para não citar outras, é talvez um dos casos mais emblemáticos. Na UFMA todos os professores que conhecem o seu trabalho elogiam-no considerando sua programação como sendo “verdadeiramente comunitária”. Ela já foi fechada por quatro vezes, tendo os seus equipamentos apreendidos e seus diretores indiciados como criminosos (um deles continua prestando serviço comunitário, em substituição à pena de reclusão), apenas por se propor a levar informação de qualidade, isenta à comunidade mais carente que se ressente de não acessar a boa comunicação, prática pouco procurada pelos nossos meios de comunicação.
A luta da Rádio Conquista por conseguir a tão sonhada outorga não é de hoje, já vão mais de 10 anos e a única resposta que tiveram, ano passado, foi a alegação, por parte do Ministério das Comunicações, de que o espaço, por eles requerido, já estaria sendo ocupado por uma rádio evangélica (nada contra a entidade religiosa), mas que nunca havia entrado no ar.
O mais estranho é que esta rádio está ligada a apadrinhado político (ou é de propriedade de um) e sua programação em nada atende ao que o estatuto das rádios comunitárias exige, que não haja proselitismo religioso, sendo aberta a toda comunidade, sem distinção de cor, credo, opção sexual ou política.
O certo é que baseado neste exemplo observa-se que “para o povo nada e para os políticos, ricos, poderosos, tudo”.
O que nos revolta, enquanto cidadão que acredita que ainda é possível uma mudança neste estado de desmandos que se encontra o nosso país e o nosso Estado é a apatia do povo brasileiro e principalmente o maranhense que se recolhe ao seu mundo, recluso em seus afaseres achando que os outros é que tem que resolver seus problemas. E diferente do que é proferido por muitos, não é só no voto que se pode exercer este papel cívico, ele é apenas uma arma, a outra é ir às ruas em coro e pedir que as cabeças de quem se beneficia do erário público, possam rolar.