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19 novembro 2024

DEPUTADOS E SOCIEDADE EM BATALHA PELO DIREITO AO DESCANSO

Imagem da internet
A recente discussão sobre a escala 6x1 tem mobilizado a sociedade de forma notável. Embora não seja uma proposta nova, é a primeira vez que a população se engaja tão fortemente nesse debate.

*Emerson Marinho

A recente proposta de emenda à Constituição (PEC) que visa abolir a escala de trabalho 6 x 1, onde os trabalhadores têm uma folga a cada seis dias de trabalho, tem gerado intensos debates no Congresso Nacional e na sociedade brasileira. A proposta foi apresentada pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP), inspirada pelo movimento Vida Além do Trabalho (VAT), liderado pelo vereador Rick Azevedo (PSOL-RJ). Azevedo, que ganhou notoriedade nas redes sociais ao relatar a exaustiva rotina de trabalho em uma farmácia, conseguiu mobilizar milhões de brasileiros em torno da causa.

A PEC visa reduzir a carga horária semanal de 44 para 36 horas, sem afetar a jornada diária de 8 horas, e eliminar a escala 6 x 1, considerada abusiva por muitos defensores da mudança.

Quem defende a PEC argumenta que a escala 6 x 1 compromete a saúde, o bem-estar e as relações familiares dos trabalhadores. Eles apontam que a redução da jornada de trabalho pode aumentar a produtividade e melhorar a qualidade de vida, como observado em países como Alemanha, França e Itália, que já adotaram jornadas de trabalho mais curtas. "A carga horária abusiva imposta por essa escala de trabalho afeta negativamente a qualidade de vida dos empregados", ressalta o texto da petição pública que apoia a PEC.

Por outro lado, os críticos da proposta alertam para os possíveis impactos econômicos negativos. Eles argumentam que a redução da jornada de trabalho pode aumentar os custos operacionais das empresas, levando a demissões e aumento dos preços de produtos e serviços. "Para equilibrar o aumento de custos, algumas empresas podem optar por demissões, o que poderia elevar o índice de desemprego", defende o deputado federal Nicolas Ferreira (PL-MG).

A discussão sobre a escala 6 x 1 no Brasil reflete uma tendência global de revisão das jornadas de trabalho. Países como Alemanha, Dinamarca e Noruega têm adotado jornadas mais curtas, associadas a maiores índices de produtividade e satisfação dos trabalhadores. No entanto, a proposta enfrenta desafios significativos, principalmente no que diz respeito aos custos para os empregadores e à resistência de alguns parlamentares.

A solução para esse impasse pode estar na busca por um equilíbrio entre as necessidades dos trabalhadores e as capacidades das empresas. A adoção de políticas que permitam o afrouxamento gradual das medidas restritivas, sem prejuízos para as conquistas já alcançadas, pode ser um caminho viável para melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores brasileiros.

*Bacharel em Comunicação Social