Ato reúne apoiadores do armamento da população e gera debates sobre a segurança e os impactos da política de liberação de armas no Brasil
Emerson Marinho*
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Fonte: Revista Fórum |
Os manifestantes marcaram
presença com faixas, cartazes e bandeiras com mensagens como "Armas salvam
vidas", "Bandido bom é bandido morto" e "Quem defende o
desarmamento defende o genocídio". Durante a manifestação, entoaram o hino
nacional e proferiram palavras de ordem contra o presidente Lula (PT) e o
Supremo Tribunal Federal (STF).
Em seu discurso para os
apoiadores, Eduardo Bolsonaro ressaltou que o direito ao armamento é uma
questão de liberdade e defesa pessoal. Além disso, elogiou o pai, Jair
Bolsonaro, enfatizando que durante seu mandato foram editados decretos para
facilitar o acesso a armas e munições.
No entanto, a manifestação
pró-armas ocorre em um momento preocupante para o Brasil, que registra um
aumento alarmante no número de mortes por armas de fogo, principalmente entre
crianças e adolescentes. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em
2020 foram contabilizados 50 mil óbitos por disparos acidentais ou
intencionais, representando 78% das mortes violentas no país. Além disso, o
número de armas de fogo registradas mais que dobrou entre 2017 e 2020.
Organizações como a ONG Criança
Segura também alertam para o aumento das mortes acidentais de crianças e
adolescentes causadas por armas de fogo. Entre 2016 e 2017, esses casos quase
dobraram, passando de 20 para 39 vítimas. Especificamente entre meninos e
meninas de 1 a 4 anos, o número de casos fatais aumentou em 350%, saindo de
duas para nove mortes. Em 2019, uma triste estatística revelou que a cada hora,
uma criança ou adolescente perdeu a vida no Brasil devido a ferimentos por arma
de fogo. Considerando essas
informações, é possível inferir que o número de mortes acidentais de crianças
por armas de fogo aumentou nos últimos anos. No entanto, não
é possível apontar os dados oficiais dos anos mais recentes, pois o Ministério da Saúde não atualizou os
dados sobre as causas das mortes acidentais de crianças e adolescentes para se
ter uma resposta mais precisa.
Ainda assim, esses dados
evidenciam a necessidade de repensar a política de liberação de armas no país,
pois ela coloca em risco a vida e a segurança da população, principalmente dos
mais vulneráveis. Em vez de facilitar o acesso às armas, o governo deveria
investir em políticas públicas de prevenção da violência, educação, saúde e
assistência social. Ao invés de promover a cultura do ódio, vingança e
violência, é essencial fomentar a cultura da paz, do diálogo e da tolerância. O
Brasil não precisa de mais armas, precisa de mais vida.