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* Emerson Marinho
Uma das verdades da
vida é que tudo é cíclico. O que vai, um dia volta. E em se tratando de
política, em nosso país, isso é a mais pura verdade. Lembramos que o nosso país
já foi governado por militares, por duas vezes, e nas duas por meio de golpe de
Estado: em 1889 quando o Marechal Deodoro da Fonseca tomou o poder e proclamou
a República; e em 1964 quando João Goulart, democraticamente eleito, foi
deposto do cargo e se instalou a Ditadura, que estabeleceu a censura à
imprensa, restrição aos direitos políticos e perseguição policial aos
opositores do regime por 21 anos.
Outro momento cíclico
se deu já no período pós-redemocratização. Nesse período o Brasil já foi
governado por três vice-presidentes: José Sarney que governou de 1985 a 1989,
após assumir o cargo em decorrência da morte de Tancredo Neves; Itamar Franco
que assumiu o cargo em 1992 após o impedimento de Fernando Henrique Cardoso; e
o caso mais recente é do Temer que, para muitos, conspirou para assumir o
cargo, em 2016, após o Impeachment da
Dilma Rousseff.
O
Brasil está as portas de novamente ser governado por um vice-presidente não
eleito pelo povo, e o pior, militar.
A tentativa de
assassinato ao candidato Bolsonaro tem trazido consequências graves à vida do
candidato. Desde o incidente, o capitão da reserva, tem mostrado saúde frágil,
o que o impede de ir aos debates. Ao que parece, os médicos estão cautelosos
evitando revelar que o caso do candidato pode ser grave, o que pode impedi-lo,
também de assumir o cargo de presidente, como aconteceu com Tancredo Neves.
Bolsonaro pode ganhar,
mas não levar. Na vacância do cargo, quem assume é o seu vice, General Mourão, de
ideias muito mais radicais que a do candidato. Mourão já mostrou intenção de
convocar uma nova constituinte, composta apenas por “notáveis” e não por
eleitos democraticamente, como aconteceu durante os dois regimes militares. Também
criticou o décimo terceiro salário e o adicional de férias, chamando-os de “jabuticaba”.
O próprio Jair Bolsonaro afirmou que Mourão é “despreparado” para o cargo quando
em resposta à afirmação disparou em sua página no twitter: “O 13° salário do trabalhador está previsto
no art. 7° da Constituição em capítulo das cláusulas pétreas (não passível
de ser suprimido sequer por proposta de emenda à Constituição). Criticá-lo,
além de uma ofensa à quem trabalha, confessa desconhecer a Constituição”,
afirma, Bolsonaro.
Bolsonaro já foi alvo
de denúncias de racismo ao citar, dentre outros casos, em evento no Rio de
Janeiro, que “quilombolas não servem nem para procriar”: "Eu fui num quilombo. O afrodescendente mais leve, lá, pesava sete
arrobas. Não fazem nada! Eu acho que
nem para procriador ele serve mais. Mais
de R$ 1 bilhão por ano é gastado com eles", o candidato disse ainda
que irá acabar com todas as comunidades quilombolas e reservas indígenas
existentes no País. Em matéria de polêmica, o seu vice não fica para trás,
também causou controvérsia quando afirmou em entrevista, no Aeroporto de
Brasília, que seu neto é um "cara bonito" por conta do
"branqueamento da raça". Em
outro momento já havia afirmado que o Brasil tinha a "indolência" dos indígenas e a "malandragem" dos negros.
A ideia de “clareamento da raça” já foi defendida pelo governo do estadista Getúlio
Vargas, durante a Ditadura Militar. Outro estadistas internacional que levou às
últimas consequências a ideia de “clareamento das raças” e não menos conhecido,
foi o nazista Adolf Hitler. O ditador, foi comparado ao vice do Bolsonaro, por
Boulos, recém candidato à presidência pelo PSOL, em sua conta no twitter: “Vice de Bolsonaro falou hoje que seu neto é
um "cara bonito" porque teve "branqueamento" da raça. Há
menos de 100 anos, Hitler também quis melhorar "raças inferiores".
Esterilizou 400 mil deficientes e matou 6 milhões de pessoas em campos de
concentração”.
É enorme a possibilidade
do General Mourão assumir o poder, tanto pela via direta, como vice do
Bolsonaro, assumindo a presidência pela vacância do cargo, pois o ferimento parece
que vai tirar o militar de combate; como
por meio de um golpe de Estado, já que muitas de suas ideias são discordantes
da do titular, o que poderia levá-lo a dar um golpe e assumir o poder, ideia já
sugerida por ele durante palestra em 2017, durante a crise que se abateu sobre
o governo Temer, ao afirmou que “se
o judiciário não fosse capaz de sanar a política existente no país isso seria
imposto pelo exército por meio de uma intervenção militar.
* Bacharel em Comunicação pela Universidade Federal do Maranhão