Não é de hoje
que centenas de ativistas fazem mobilizações pelo país em favor da liberação da
maconha no Brasil, alguns são figuras ilustres como o ex-presidente da
república, Fernando Henrique Cardoso. A aprovação da livre comercialização,
cultivo e consumo (com certas restrições) no Uruguai, abre certo precedente
para que outros países do bloco sigam no mesmo rumo. Em poucos dias veremos
diversas passeatas a se multiplicarem no país a favor da liberação da maconha,
da mesma forma que nos acostumamos a ver, nas últimas semanas, grandes
aglomerados humanos, com a principal diferença que essas terão um objetivo bem
definido e argumentos embasados.
De pronto surge
uma nova indagação: quais as implicações advindas da liberação da droga no
país?
O principal
argumento, de quem é a favor, é ser um golpe enorme contra os traficantes que não
terão mais concorrentes e quebraria o negócio, reduzindo assim a criminalidade.
No entanto, não
vejo bem por aí. Os traficantes teriam legitimidade para continuar traficando enquanto
iriam imprimir algum tipo de punição a quem lhes fizesse frente, como é feito
atualmente com as quadrilhas rivais, isso iria contra o argumento de redução da
criminalidade.
Dizer que as
pessoas iriam plantar a sua própria maconha para consumo, vejo como nova
falácia, é muito menos trabalhoso comprar o produto pronto. Senão, começaríamos a plantar e produzir boa parte do
que compramos e consumimos, isso vai de alimento a vestuário, para não me
alongar com descrições.
A liberação do
uso da maconha reduziria o prazer oculto pelo uso da droga, “o que é proibido é
mais gostoso”. No entanto essa assertiva, apesar de verdadeira, agrava outro
problema: se essa droga passa a ser lícita, os jovens, principalmente, vão procurar
outras mais excitantes (proibidas) e por extensão com um poder de vício e destruição
muito maior, o problema só se agravaria. A maconha, que é relaxante passaria a
ser substituída por outras excitantes como o caso da cocaína, a heroína, o
crack e o Óxi derivado da pasta base da cocaína, muito mais barata, viciante e
com alto poder destrutivo.
Outro argumento
utilizado por quem é a favor da liberação da maconha é que “com campanhas de
conscientização e esclarecimento as pessoas teriam poder de optar se iriam
querer usar drogas ou não”. Pergunto: isso deu certo com as propagandas contra
o uso do cigarro? As advertências nos rótulos dos maços, as fotos chocantes com
a intenção de diminuir o consumo não surtiu efeito algum, pelo contrário, o
consumo cresceu, principalmente entre os jovens.
Além de
todas as preocupações já descritas, meu temor com a liberação da maconha no
Uruguai, é a facilitação da produção da maconha naquele país e o escoamento do
produto para o nosso, que já acontece com tanta facilidade.
Pergunto
ainda se os argumentos utilizados para a liberação da maconha não seriam os
mesmos, ou no mínimo próximos, utilizados para a liberação de outras drogas? Em
breve veríamos passeatas a favor da liberação da cocaína, do crack do óxi,
afinal deve-se dar direito de livre escolha.
Qual seria a
solução, então? Sinceramente não sei. Este é o desafio. Mas acredito que a
liberação não é mesmo. Ainda que seja a opinião de um leigo que nunca deu um “tapinha
no bagulho” ou mesmo tenha se aventurado a fumar um cigarro.
EMERSON
MARINHO