
Em nome de uma tal
“governabilidade”, tais juízes rasgaram a Constituição, vilipendiaram o
interesse coletivo e não tiveram nem o cuidado de esconder o disparate que foi
o julgamento de interesses espúrios como revelou o senador Acir Gurgacz do
PDT-RO, que afirmou ter votado em favor do impedimento, sabendo, tanto ele,
quanto os outros senadores, não haver
crime de responsabilidade fiscal. Se um dos juízes faz tal afirmação, no mínimo
o STF deveria anular o julgamento, pois os juízes não foram “juízes”,
competentes para julgar a causa e o objeto em questão foi analisado à revelia.
A fala de outro parlamentar vem
demostrar a falta de coerência que se debruçou sobre a política partidária em
nosso país. O deputado afastado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha
(PMDB-RJ) desabafou em nota divulgada logo após a aprovação do impedimento: "Esperamos
que o fim desse processo possa virar uma página negra na história deste país,
com o afastamento também das nefastas práticas desse governo afastado”. Essa é
a fala de um réu na Lava Jato e alvo de investigações na mesma operação, sendo
afastado da Câmara Federal acusado de usar o cargo para prejudicar as
investigações. Um parlamentar, assim como um senado, infestado de práticas funestas,
não tem moral para emitir qualquer opinião ou dado o mínimo de credibilidade a
palavras tão vazias de sentido.
De outro lado, como legitimar um governo
ilegítimo. Como aceitar um governante golpista que agiu como Judas. As
justificativas para afastar o governo petista escondem a real intenção de instalar
uma agenda conservadora e neoliberal que vai retirar os direitos sociais
adquiridos por aqueles que sempre estiveram à margem das políticas públicas. A privatização
volta a ser uma das principais pautas justificadas pela necessidade da
organização das nossas instituições públicas.
A mídia golpista hoje esconde os
números pífios do novo (velho e decrépito) governo (como o seu maior
representante) que só agravam a crise, aumentando o desemprego, sem controlar a
inflação e reduzir as dívidas internas. O governo usurpador já está no poder há
mais de 100 dias, e diferente do que afirmavam, não houve qualquer mudança nos
rumos da economia. O mercado não apostou na mudança, como afirmavam os
economistas, e o país ruma ladeira abaixo subtraindo os avanços sociais
garantidos nos últimos anos.
De fato, a nossa história está
sendo escrita com tinta negra, e não só uma página, mas a partir de agora, todas
as vindouras estarão manchadas com o negrume do ódio dos golpistas, até que o
povo perceba o seu poder e os expurgue do nosso meio dando a eles a única coisa
que merecem, o nosso desprezo e o eterno ostracismo.
Emerson Marinho