Grupo conservador norte-americano tem ação acatada pela Suprema Corte que alega a inconstitucionalidade das ações afirmativas em universidades.
Emerson Marinho*
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Imagem gerada por IA. |
A experiência norte-americana
pode oferecer importantes lições para o Brasil, que também implementa políticas
de ações afirmativas de raças em suas universidades públicas desde 2012. O país
enfrenta desafios similares, com uma história de escravidão, racismo e exclusão
social que ainda afeta a população negra, representando mais da metade da
população brasileira. Além disso, a miscigenação e a ideia de democracia racial
no Brasil podem dificultar o reconhecimento e a discussão sobre as questões
raciais e conflitos existentes. Em 2014 entra em vigor o Estatuto da
Igualdade Racial (Lei 12.288), estabelecendo o direito à igualdade de
oportunidades na educação e reconhecendo a necessidade de políticas públicas
específicas para garantir a inclusão social dos afrodescendentes.
As ações afirmativas de raças são
políticas públicas que têm como objetivo combater a discriminação racial e
promover a igualdade de oportunidades em diversas áreas da sociedade.
Originadas nos Estados Unidos na década de 1960, essas medidas passaram por diferentes
fases, controvérsias e transformações. No contexto atual, o Brasil também adota
políticas de ações afirmativas de raças, enfrentando desafios semelhantes. O
país precisa refletir sobre as experiências norte-americanas, compreendendo seus
benefícios e desafios, para promover uma sociedade mais inclusiva e diversa.
As ações afirmativas de raças no
Brasil têm o propósito de reparar injustiças históricas, garantindo o acesso e
a permanência dos negros nas universidades públicas, que são espaços de
produção e disseminação do conhecimento, da cultura e da cidadania. Essas
políticas também valorizam a diversidade racial e cultural do país,
contribuindo para seu desenvolvimento. É importante destacar que, diferente do
que muitos afirmam, as ações afirmativas de raças não são uma forma de
discriminação ou privilégio, mas sim de justiça e direitos.
A experiência dos Estados Unidos
serve tanto de inspiração quanto de alerta para o Brasil. Elas demonstram que
as ações afirmativas de raças são necessárias, mas não suficientes para
combater o racismo e a desigualdade racial. É fundamental que essas medidas
sejam acompanhadas por outras políticas públicas que promovam a educação, a
saúde, a segurança, o emprego, a cultura e os direitos humanos dos negros. Além
disso, é essencial avaliar, monitorar, aprimorar e defender constantemente as
ações afirmativas de raças.
As ações afirmativas no Brasil representam um desafio e uma
oportunidade para o país. Elas exigem um compromisso coletivo com a construção
de uma sociedade mais justa, democrática e plural. Ao fortalecer a identidade,
a autoestima e a participação dos negros na vida nacional, essas políticas
contribuem para o reconhecimento e o respeito à diversidade racial e cultural
do Brasil, representando um avanço histórico.
*Bacharel em Comunicação Social