Os desafios de segurança pública e a necessidade de um controle mais rigoroso sobre armamentos no país.
Emerson Marinho*
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Imagem gerada por IA. |
O ataque levanta questões sobre a
facilidade de acesso às armas e seus desdobramentos. Diante desse contexto, é
fundamental uma análise imparcial dos fatos e uma reflexão sobre as medidas
adotadas em relação ao controle de armamentos.
A tragédia em Cambé não é um caso
isolado. Infelizmente, temos testemunhado outros episódios de violência armada
em escolas brasileiras nos últimos anos. Em 2022, a Escola Estadual Raul
Brasil, em Suzano, São Paulo, foi palco de um ataque que resultou em vítimas
fatais e feridos. Em 2021, o Colégio Goyases, em Goiânia, também foi cenário de
um atentado com arma de fogo. Essas situações trágicas expõem um problema
complexo e alarmante.
O aumento no número de registros
de armas no Brasil nos últimos anos tem despertado preocupação. Segundo dados
do Sistema Nacional de Armas (Sinarm), da Polícia Federal, houve um crescimento
de 65% nesses registros entre 2019 e 2020. Essa tendência coincide com as
mudanças nas leis de posse e porte de armas promovidas pelo governo federal na
época, visando garantir o direito à legítima defesa e combater a criminalidade.
No entanto, é fundamental
analisar com cautela os argumentos que embasaram essa flexibilização. Estudos
indicam que o aumento na circulação de armas está associado ao aumento da
violência letal. Levantamentos do Instituto Sou da Paz e da Universidade
Federal do Paraná revelam que estados com maior número de armas registradas
apresentam maiores taxas de homicídios por arma de fogo.
Além disso, é importante
considerar que as armas legalmente adquiridas podem acabar nas mãos de
criminosos devido a roubos, furtos ou vendas ilegais. Dados da Polícia Federal
revelam que milhares de armas registradas foram extraviadas ou roubadas nos
últimos anos. Essas armas podem ser utilizadas em crimes, agravando ainda mais
a situação de violência no país.
A fiscalização e controle
efetivos são fundamentais para garantir a segurança da população. No entanto,
denúncias de fraudes e irregularidades envolvendo colecionadores, atiradores e
caçadores (CACs), lojas de armas e clubes de tiro evidenciam a fragilidade do
sistema. É necessário que o governo federal adote medidas mais rigorosas para
rastrear as armas e munições, como previsto no Estatuto do Desarmamento, e
combata o comércio ilegal de armamentos.
Diante desse cenário preocupante,
é imprescindível uma revisão da política armamentista no país. É fundamental
que o governo federal, em conjunto com o Congresso Nacional, adote medidas que
restrinjam o acesso indiscriminado às armas, fortaleçam o controle e a
fiscalização, e promovam políticas públicas de prevenção da violência.
Não podemos permitir que
tragédias como a de Cambé se tornem frequentes em nossa realidade. A
preservação da vida e a promoção de uma sociedade segura são objetivos que
devem estar acima de interesses individuais. Armar a população não é a solução
para os desafios que enfrentamos. Pelo contrário, é necessário investir em
ações que promovam a cultura da paz, o respeito à diversidade e a mediação de
conflitos, especialmente nas escolas.
* Bacharel em Comunicação Social